IL-6 promove alterações hemostáticas durante a fase aguda da doença de Chagas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Antunes, Dina de Jesus Marinheiro
Orientador(a): Meis, Juliana de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34428
Resumo: A infecção oral pelo Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, é a via de transmissão com maior registro de casos no Brasil nos dias de hoje. Outros países da América Latina também reportaram surtos associados ao consumo de alimentos contaminados. Esta via de infecção apresenta sintomas específicos como edema de face e de membros inferiores e, em alguns casos, hemorragias e risco de tromboembolismo. Mesmo assim, ainda existem poucos estudos que abordam esta via de transmissão tanto ao nível da sua patogênese quanto, mais especificamente, ao nível do sistema hemostático e sua interação com o sistema imune. Neste trabalho, camundongos BALB/c com idade entre 6±8 semanas foram infectados por via oral com 5x104 tripomastigotas metacíclicos da cepa Tulahuén derivados de excreta de insetos Triatoma infestans. Quando comparados com os controles, os animais oralmente infectados apresentaram altas concentrações séricas de citocinas pró-inflamatórias (TNF, IFN-\03B3 e IL-6) As maiores concentrações e o aumento da parasitemia foram obtidos entre os 14-28 dias após a infecção (dpi). Os hemogramas demonstraram leucocitose e trombocitopenia nos animais infectados, resultando em um aumento do sangramento aos 21 dpi. Alterações hematológicas paralelas ao prolongamento do tempo de tromboplastina parcial ativada, consumo de fator VIII e detecção do D-dímero, sugerem que a infecção pelo T. cruzi apresenta sinais de coagulação intravascular disseminada. Notavelmente, o bloqueio de IL-6R preveniu as anormalidades hematológicas, revelando o papel crítico de IL-6 no curso da infecção oral. Além disso, análises hematológicas em camundongos infectados pela via subcutânea indicaram que as perturbações no sistema hemostático não são específicas da via de infecção oral. Estes resultados demonstram, pela primeira vez, que a infecção pelo T. cruzi, resulta em alterações no sistema hemostático e mostram a relevância do "crosstalk" entre inflamação e coagulação nesta doença parasitária.