Elaboração de um modelo de entrada de dados em HIV/AIDS visando efetuar estudos clínicos e epidemiológicos de pesquisa e uma análise de sobrevida dos pacientes com AIDS atendidos em um Hospital Universitário na cidade do Rio de Janeiro, entre 1995-2002

• Ano de defesa: 2004
• Autor(a) principal: Signorini, Dario José Hart Pontes
• Orientador(a): Codeço, Claudia Torres
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5257

OBJETIVOS: O objetivo desta tese foi a construção de uma base de informações sobre a população em atendimento no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) a partir do resgate das informações médicas registradas em prontuários, para subsidiar a realização de estudos clínicos e epidemiológicos. Com base neste banco, foi realizada análise da sobrevida dos pacientes com Aids atendidos no HUGG entre 1995 e 2002, procurando-se determinar o efeito os preditores de sobrevida mais importantes, neste período de início de implantação da terapia anti-retroviral gratuita. METODOLOGIA: O banco de dados foi construído utilizando-se a metodologia de modelagem de dados. Esta metodologia tem o propósito de prover estrutura conceitual à construção de um banco de dados, permitindo transcrever a documentação médica observada com base na definição das variáveis que consideramos importantes para descrição do sistema, assim como as associações (causais ou não) entre elas. Para o estudo de sobrevida, os pacientes portadores da AIDS (critério CDC-1992), com idade > 14 anos, cujos primeiros atendimentos ocorreram entre 1995 - 2002, foram incluídos na amostra, que totalizou 1420 pacientes. A análise estatística destes dados foi baseada nos método de Kaplan-Meier e no modelo de risco proporcional de Cox. RESULTADOS: A coorte apresentou, no percentil 75, um tempo de sobrevida geral de 24 meses. Houve melhora na sobrevida ao longo dos anos, passando de 14 meses para os que tiveram primeiro atendimento em 1995 para 46 meses, para os que tiveram primeiro atendimento em 1998. Verificou-se também que 86,3% dos óbitos ocorreram entre 1995-1998. Não foi observada associação entre sexo e sobrevida. Contudo, ficou constatada a associação entre a via de transmissão heterossexual e a sobrevida. O aumento proporcional do número de indivíduos com <8 anos de escolaridade em relação aos com ≥8 anos de escolaridade, com aumento do risco de morte de 43,5% dos primeiros em relação aos últimos. Nesta pesquisa, estabeleceu-se um critério de definição da TARV inicial como sendo o esquema que tenha sido utilizado pelo prazo de, pelo menos, 2 meses, os efeitos protetores para uso TARV foram de 65, 88 e 92% para o tratamento com um, dois e três ou mais anti-retrovirais respectivamente. Não há diferenças estatísticas para as curvas de sobrevida para as categorias uma, duas e três ou mais tentativas da variável “número de tentativas para se estabelecer a TARV inicial”. CONCLUSÃO: A construção de um banco de dados exerce um papel importante na aplicação e no estudo em ciências como, por exemplo, biomedicina, estatística e informática. Os resultados produzidos oriundos de seus dados, possibilita deduções clínicas e epidemiológicas sobre a população em estudo e uma aplicação mais segura de suas inferências. Espera-se que a experiência relatada neste trabalho estimule outros a construírem seus próprios bancos de dados, com o objetivo de subsidiar suas práticas médicas. É digna de nota a lei que introduz a distribuição universal e gratuita das medicações para o tratamento da AIDS, que vem respaldando as ações governamentais que têm propiciado as melhorias na saúde quantificadas nesse estudo.