Pequenos mamíferos em paisagens fragmentadas do estado do Rio de Janeiro e implicações na transmissão de Hantavírus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Oliveira, Jonathan Gonçalves de
Orientador(a): D'Andrea, Paulo Sérgio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12502
Resumo: A Mata Atlântica é um dos biomas de maior biodiversidade e um dos mais ameaçados, principalmente pelo processo de fragmentação florestal. Roedores e marsupiais formam o grupo mais diversificado dentre os mamíferos e exercem influência no dinamismo de florestas neotropicais, sendo bons indicadores de alterações na paisagem. Além disso, este grupo é de grande interesse para saúde humana, pois diversas espécies estão envolvidas em ciclos zoonóticos. Os roedores em particular, são hospedeiros específicos dos hantavírus, e o acompanhamento do seu ciclo de transmissão em áreas silenciosas para hantavirose contribui para estudos epidemiológicos sobre a doença. Os objetivos desse estudo foram: a) levantar a fauna de pequenos mamíferos de áreas fragmentadas de Mata Atlântica predominantemente na região noroeste fluminense; b) identificar os indivíduos por taxonomia integrativa; c) avaliar a influência de variáveis geográficas e de habitat na composição de espécies; d) avaliar a infecção por hantavírus nos roedores capturados e a preferência de habitat das espécies infectadas. Foram capturados 128 roedores e 81 marsupiais em 11 fragmentos florestais e em áreas de matriz alterada nos municípios de Cambuci, Miracema, Sumidouro e Varre-sai A identificação taxonômica dos animais capturados foi feita por morfologia externa, cariotipagem e análises moleculares para os gêneros Trinomys, Calomys, Oligoryzomys e Akodon. A composição de espécies foi relacionada ao tamanho, forma e grau de isolamento dos fragmentos florestais, distância entre fragmentos e também a características do habitat (complexidade e heterogeneidade) por regressão múltipla de matrizes de similaridade. A similaridade na composição de espécies nos fragmentos e nos municípios foi então avaliada por dendrogramas de dissimilaridade. As amostras sorológicas dos roedores capturados foram submetidas ao teste imunoenzimático (ELISA) para detectar a infecção por hantavírus. A preferência do hábitat da única espécie sororreativa para infecção por hantavírus (Akodon 2 cursor) foi avaliada por modelo linear generalizado utilizando as variáveis de habitat (os três primeiros componentes de uma análise de componentes principais) como variáveis independentes e a abundância de A. cursor nas estações de captura como variável dependente. A composição de espécies de pequenos mamíferos não foi influenciada pelos descritores geográficos e de hábitat. No dendrograma gerado pela similaridade na composição de espécies nos fragmentos observou-se que fragmentos que continham apenas espécies mais generalistas agruparam-se separadamente dos que continham ao menos uma espécie especialista Similarmente, paisagens amostradas que eram mais conservadas agruparam-se separadamente daquelas mais perturbadas. Akodon cursor, única espécie sororreativa, prefere áreas com dossel mais aberto e mais baixo, com sub-bosques abertos e com mais caules herbáceos e lenhosos, mostrando que esta espécie está adaptada a ambientes alterados. A ocorrência de circulação de hantavírus neste roedor e sua preferência por habitat alterado,sinaliza a importância da continuidade nos estudos sobre a circulação de hantavírus no estado do Rio de Janeiro, especialmente em áreas estudadas onde a paisagem encontra-se fragmentada e composta por espécies em sua maioria generalistas