Diferenciação de células B e plasmocitose no curso da desorganização esplênica na leishmaniose visceral: um estudo experimental em hamsters

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos Junior, Reginaldo Brito dos
Orientador(a): Santos, Washington L. C. dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56113
Resumo: Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa causada pela Leishmania infantum, em que há o comprometimento de órgão internos. No baço a infecção é crônica e progressiva. Além disso, na LV grave ocorre a desorganização dos compartimentos esplênicos, a diminuição do número de células B (LyB) na polpa branca (PB) e plasmocitose na polpa vermelha (PV). Os plasmócitos têm sobrevida estendida e acumulam-se em várias doenças crônicas. Contudo, pouco se sabe sobre as funções e os mecanismos de geração e manutenção da sobrevida dessas células. Objetivo: Neste trabalho, investigamos os potenciais mecanismos associados com o desenvolvimento anômalo de LyB que levam à plasmocitose no curso da LV. Métodos: 56 hamsters da linhagem Golden Sirius com 6 a 8 semanas de idade foram usados neste estudo: 28 foram injetados intraperitonealmente com 1x107 promastigotas de L. infantum e 28 receberam a solução diluente pela mesma via. Sete animais de cada grupo foram eutasiados 30, 60, 120 e 150 dias após a injeção (dpi). Os animais foram necropsiados e amostras dos órgãos foram fixadas em parafina para estudo histológico e avaliação da distribuição de célula B e plasmócitos por imuno-histoquímica. Para três animais de cada grupo e em cada ponto, um fragmento do baço foi colhido para avaliação transcriptômica da expressão gênica e associação entre moléculas relacionadas com o desenvolvimento de LyB, incluindo uma molécula chamada DLK1. Resultados: Houve aumento da PB dos animais infectados 120 dpi, enquanto, no ponto consecutivo ocorreu atrofia, após 150 dias. Afetando a região de folículo linfoide, possivelmente devido a diminuição de LyB. Também observamos redução da quimiotaxia de LyB, pela diminuição de CXCL13 e CXCL12 que ocorreu 120 e 150 dpi. Houve uma tendência a diminuição de fatores moleculares relacionados com a resposta de centro germinativo (CG), observado pela expressão gênica dos hamsters infectados. Não houve alterações na quantidade de LyB na PV dos animais infectados, mas houve progressiva plasmocitose na PV dos animais nos pontos mais tardios da doença, 120 e 150 dpi e o acúmulo dessas células na zona de células T 120 dpi, sendo que DLK1 está associada com a plasmocitose na PV. A expressão gênica dos animais infectados confirmou a diferenciação de plasmócitos 150 dpi e associou a sinalização por IL-21 e IFN-y como as principais moléculas envolvidas. Além disso, houve o aumento de IL-6 150 dpi. Conclusões: Neste estudo correlacionamos alterações estruturais e celulares com a expressão molecular, para investigar os determinantes da diferenciação anômala de LyB em formas graves da LV. Os resultados deste trabalho demonstram aumento de IL-21 e INF- como moléculas responsáveis pelas alterações nas vias de diferenciação de LyB. Além disso, demonstramos um aumento da área de LyB da PB, que antecede a diminuição e possivelmente a desorganização do baço. É possível que essa atrofia esteja relacionada com a inibição do homing de LyB durante a infecção