História da cardiologia no Brasil: a construção de uma especialidade médica (1937-1958)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Souza, Rodrigo Otávio Paim de
Orientador(a): Kropf, Simone Petraglia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30982
Resumo: Este estudo visa analisar o processo de construção e institucionalização da cardiologia como especialidade médica no Brasil no período que se estende de meados da década de 1930 a fins da década de 1950. Usando como fontes alguns periódicos médicos de ampla circulação no período, examinarei os debates que antecederam a criação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em 1943, buscando indicar que a defesa da especialidade e a criação dos primeiros espaços institucionais a ela associados estiveram diretamente relacionados aos debates quanto à importância médica e social das doenças cardiovasculares como obstáculos à produtividade dos trabalhadores e, consequentemente, como tema de relevância para o projeto de modernização econômica e de construção de uma “nova nação” formulado durante o Estado Novo. Analisarei ainda o papel fundamental da nova tecnologia da eletrocardiografia como argumento central a sustentar as reivindicações quanto à importância da figura dos “especialistas”, num movimento que se beneficiou diretamente dos intercâmbios estabelecidos com cardiologistas estadunidenses, especialmente no contexto da Segunda Guerra Mundial. A partir da criação da SBC, analisarei como este processo de afirmação da especialidade expressou-se no âmbito de seu próprio periódico, criado em 1948, os Archivos Brasileiros de Cardiologia. Este é um objeto que evidencia as relações entre o debate interno ao campo médico e questões mais amplas que mobilizavam a sociedade na época. A discussão sobre a importância médico-social das doenças cardíacas e sobre a figura do cardiologista como especialista envolveu estratégias de persuasão no interior da própria comunidade médica mas também em outros espaços sociais, sendo a tecnologia, representada pela eletrocardiografia, elemento chave neste processo de legitimação científica e social da especialidade.