Nas tramas da sexualidade: um estudo sobre trajetórias afetivo-sexuais de homens jovens gays

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ferrari, Wendell
Orientador(a): Nascimento, Marcos Antonio Ferreira do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54315
Resumo: Esta tese tem como objetivo compreender as trajetórias afetivo-sexuais de homens jovens gays cisgêneros, pertencentes a camadas populares, moradores da região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que foram realizadas entrevistas individuais em profundidade com quinze jovens, com idades entre 19 e 24 anos, sendo utilizada análise temática como referencial analítico. As narrativas contemplaram o processo da trajetória afetivo-sexual destacando-se os seguintes pontos: a iniciação sexual, o aprendizado da sexualidade e da masculinidade, o processo de revelar-se gay para a família, experiências com “ficantes” e namorados, o uso (ou não) de preservativo nas relações sexuais, e situações de violências na infância, adolescência e na juventude. Os resultados mostraram que os jovens foram, desde muito pequenos, socializados por discursos tradicionais da masculinidade hegemônica. Apesar de relatarem que estão distantes do ideal de masculinidade, reproduzem tais discursos na busca por um parceiro “forte, viril e masculino”. Os jovens narraram diversas violências como se perceber “diferente” dos amigos na escola, o não acolhimento da família ao se assumir gay na adolescência, violências físicas, psicológicas e simbólicas praticadas por parceiro íntimo (nomeado como namorado) e por “ficantes” (em relações sexuais esporádicas). A internet permeia suas trajetórias, para o aprendizado da sexualidade, para conhecer um parceiro afetivo-sexual ou para certo acolhimento após sofrerem violências físicas, sexuais, psicológicas e simbólicas. aO olhar interseccional foi importante para a compreensão dos resultados. Tais violências são formadas por matrizes de opressões que articulam performances de gênero – ser afeminado; atributos corporais – ser negro e/ou gordo; pertencer a camada popular – ser morador de favela; o status sorológico de HIV positivo; ser deficiente, dentre outras. Os dados apontam para uma escassa rede de apoio que lhes permita enfrentar as violências e exclusões. Conclui-se que questões de gênero e masculinidade modulam suas trajetórias, produzindo hierarquias, violências, desamparos e o sentimento de solidão.