Acurácia de dados clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de dengue

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Daumas, Regina Paiva
Orientador(a): Passos, Sônia Regina Lambert, Brasil, Patrícia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18287
Resumo: O dengue é uma doença viral aguda transmitida por mosquitos, que tem como principal vetor o A. aegypti. Constitui-se em um grave problema de saúde pública no Brasil e em muitos países tropicais. Seu diagnóstico é geralmente baseado exclusivamente em critérios clínicos inespecíficos, uma vez que os testes laboratoriais não são amplamente disponíveis. A fim de contribuir para as ações de vigilância das doenças febris e para a identificação de características clínicas úteis para o diagnóstico do dengue, apresentamos neste trabalho dois estudos. No primeiro, descrevemos a concordância entre observadores quanto às informações da anamnese e exame físico de pacientes ambulatoriais maiores de 12 anos com uma doença febril aguda (DFA). Dados clínicos foram coletados de forma independente por dois médicos, utilizando um questionário semi-estruturado e a concordância interobservadores foi estimada pelo índice kappa. Foram avaliados 140 pacientes. Para todos os sintomas, o índice kappa ponderado foi superior a 0,6, indicando concordância ao menos substancial Os sinais físicos exantema, palidez, linfonodomegalia e hiperemia conjuntival apresentaram concordâncias significativamente > 0,6, enquanto hiperemia de orofaringe e desidratação apresentaram concordâncias menores. A aplicação do questionário mostrou boa confiabilidade para os sinais e sintomas mais freqüentes, sendo potencialmente útil para aplicação em vigilância e pesquisa. O segundo estudo teve por objetivo identificar características clínicas e parâmetros hematológicos úteis para discriminar o dengue de outras doenças febris. Foi um estudo prospectivo com pacientes ambulatoriais de mais de 12 anos de idade, com história de febre por até sete dias, sem foco infeccioso evidente. Análise de regressão logística foi empregada para identificar sintomas, sinais físicos e dados do hemograma válidos para o diagnóstico de dengue em pacientes avaliados em até três (dias 0-3) e de quatro a sete dias (dias 4-7) após o início da febre De acordo com os resultados dos testes de referência, 202 pacientes foram classificados como dengue e 103 como não-dengue. Para pacientes avaliados nos dias 0-3, um modelo incluindo as variáveis leucometria e hiperemia conjuntival atingiu sensibilidade de 81% e especificidade de 71%. Para pacientes avaliados nos dias 4-7, um modelo com as variáveis história de exantema e plaquetometria apresentou sensibilidade de 61% e especificidade de 94% para o diagnóstico de dengue. Na população do estudo, os modelos preditivos construídos apresentaram acurácia diagnóstica moderada e superior à obtida pela definição de caso de 1997 da Organização Mundial de Saúde. Esses resultados são potencialmente úteis para vigilância epidemiológica