Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2005 |
Autor(a) principal: |
Basta, Paulo Cesar |
Orientador(a): |
Coimbra Junior, Carlos Everaldo Alvares |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4495
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Resumo: |
A tuberculose constitui problema prioritário de saúde pública no Brasil. As maiores taxas de incidência da doença concentram-se nas periferias das grandes cidades da região Sudeste e na região Amazônica, onde vive cerca de 60% da população indígena no Brasil. Por causas ainda pouco esclarecidas, os povos indígenas são mais vulneráveis à tuberculose e experimentam cargas da doença muito superiores às observadas na população geral do país. Este estudo teve por objetivos investigar a freqüência, as formas clínicas e a associação de fatores clínico-biológicos com a infecção por M. tuberculosis entre o povo indígena Suruí. Utilizou-se das seguintes estratégias para abordagem do problema: a) identificação dos registros históricos disponíveis para a doença entre o grupo; b) busca ativa de sintomáticos respiratórios para determinar a prevalência de tuberculose ativa nas aldeias; c) análise dos padrões radiológicos dos doentes submetidos ao tratamento no período 2003-2004; d) estudo prospectivo, na forma de inquérito tuberculínico em duas fases e acompanhado de vacinação com BCG para estimar a prevalência de infecção por Mycobacterium tuberculosis e determinar o risco médio anual de infecção em 2005. O levantamento dos registros históricos revelou incidência média de tuberculose de 2.518,9/100.000 no período 1991-2002. No estudo seccional foram examinados 736 indivíduos (50,7% do sexo feminino), dos quais 109 foram considerados sintomáticos respiratórios. Descobriu-se 6 novos casos de tuberculose ativa, sendo 5 confirmados à cultura, produzindo um indicador de prevalência de 815,2/100.000. Foi possível ainda descrever a presença de 4 diferentes cepas de M. tb envolvidas no processo de transmissão da doença, sendo uma delas resistente a rifampicina e isoniazida. Foi possível identificar em 12,8% das amostras de escarro a presença de micobactérias ambientais. Conduziu-se análise radiológica em 23/33 (69,7%) indivíduos que estiveram em tratamento em 2003-2004. Verificou-se predominância de condensações não homogêneas (44,8%), seguido de cavitações (10,3%) e consolidações (6,9%) nos campos pulmonares. Porém, o fato que realmente chamou atenção foi que em 1/3 dos indivíduos avaliados não havia qualquer tipo de infiltrado nos pulmões, embora a forma clínica notificada tivesse sido a pulmonar. O estudo prospectivo mostrou uma prevalência de infecção por M. tb de 24,1% na população avaliada (n=645), segundo o método utilizado. Pelo método convencional (reações ≥ 10 mm) a prevalência estimada seria de 33,5%. O risco médio anual de infecção para o grupo foi de 1,5%. Por meio dos dados disponíveis ficou claramente demonstrada a maior vulnerabilidade dos Suruí à Tuberculose. Apesar da alta cobertura vacinal por BCG verificada entre o grupo, foi possível estimar a prevalência de infecção específica por M. tb com o método utilizado neste estudo. As evidências levantadas por esta investigação indicam a necessidade de se elaborar estratégias específicas para o controle da tuberculose entre os povos indígenas no Brasil, levando em consideração suas diferenças sociais, culturais e ambientais. |