O manuscrito da Síndrome Uruguai debaixo da lupa. Olhares sobre os médicos clínicos geneticistas a partir de um relato de caso publicado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Quadrelli Sánchez, Andrea Margarita
Orientador(a): Castiel, Luis David, Cardoso, Maria Helena Cabral de Almeida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27931
Resumo: Neste trabalho apresentamos um relato de caso publicado como objeto de reflexão. O nosso ponto de partida é o reconhecimento do caráter narrativo do conhecimento clínico e do método clínico como um método indiciário. O manuscrito da síndrome Uruguai apresenta um padrão narrativo estrito e compacto ajustado às convenções do artigo científico. Assim, no artigo publicado, o próprio método clínico, fundamento do julgamento clínico, acaba sendo colocado em segundo plano. Os nossos encontros metódicos foram diversos envolvendo, sobretudo, entrevistas em profundidade e observações realizadas no instituto de genética, onde desenvolvem as suas atividades os autores do manuscrito. A nossa pesquisa apresenta uma reconstrução parcial do processo de estudo e elaboração diagnóstica da família da síndrome Uruguai mostrando as circunstâncias do caso, a seleção e interpretação de pistas e sinais, e alguns dos detalhes que foram relevantes no julgamento clínico. O caso apresentado no manuscrito pode ser explicado como uma série de narrativas que surgem a partir de interpretações. A este respeito, situamos o manuscrito no cenário de trabalho do instituto e mostramos porque os médicos apresentam o manuscrito e o próprio estudo da família como atos de quixotismo; no entanto, reconhecendo a relevância da narração dos relatos de caso no processo de aprendizagem do raciocínio clínico e a necessidade de publicar como mais uma ferramenta na educação do julgamento clínico. O manuscrito descobre um determinado enfoque com relação à genética e a prática do médico clínico geneticista enfatizando o conceito de caso individual, a relevância do tempo e do contexto, da percepção clínica e das complexas interpretações envolvidas no raciocínio clínico,recuperando uma concepção indiciária da medicina. Deste modo, insistimos na recuperação de histórias de trabalho, com base no modelo de conhecimento indiciário ou semiótico, e no reconhecimento deste como essencial à prática médica.