Elaboração de um manual de biossegurança para manipulação e descarte do veneno botrópico de referência no âmbito do INCQS – FIOCRUZ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lima, Fábio Henrique Dias Martins
Orientador(a): Nóbrega, Armi Wanderley da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/35665
Resumo: Os acidentes ofídicos têm alta incidência no Brasil, sendo a espécie Bothrops jararaca a serpente de maior importância médica, apresentando aproximadamente 95.000 casos de acidentes notificados de 2011 a 2015. O único tratamento eficaz é a soroterapia, cujo soro antibotrópico é produzidos por laboratórios públicos e oferecidos gratuitamento à população pelo Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. O INCQS é o orgão técnico ligado a Anvisa responsável pelo controle da qualidade dos soros produzidos pelos laboratórios públicos. O veneno botrópico de referência nacional BraBot/005 é fornecido aos produtores para o controle da qualidade do soro antibotrópico. Esses resultados informados pelos produtores são confrontados com os ensaios realizados no INCQS, ambos seguindo a Farmacopeia Brasileira. Não há estudos científicos sobre a biossegurança relacionados a manipulação e descarte do veneno botrópico. No presente estudo foram realizados testes para determinar a inativação do BraBot/005 em todas as formulações que são utilizadas para a realização dos ensaios no INCQS. As soluções empregadas nos testes foram submetidas ao processo físico de calor úmido a 121 ºC por 60 minutos e constatou-se que 100% da inativação do BraBot/005, demonstrando a efetividade desse processo para eliminação dos riscos toxicológicos. Também foram conduzidos ensaios de toxicidade aguda em camundongos Swiss Webster machos e fêmeas com BraBot/005. No ensaio de toxicidade oral aguda, baseada na diretriz da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) 423, nas doses de 50, 300 e 2000 mg/kg de BraBot/005 não foram evidenciados sinais clássicos de toxicidade nos animais. No ensaio de toxicidade dérmica aguda, através da diretriz OECD 434, foi utilizado um animal com a dose de 1000 mg/kg e posteriormente cinco animais com a dose de 2000 mg/kg de BraBot/005, não evidenciados sinais de toxicidade sistêmica em ambas as doses. Entretanto, os animais expostos à dose de 1000 e 2000 mg/kg, apresentaram sinais de irritação cutânea, desde o aparecimento de eritema leve à severo.Todos os animais apresentaram recuperação tecidual total visível até o oitavo dia. Foram realizados exames macroscópicos e microscópicos em todos os animais que foram expostos à dose de 2000 mg/kg e não foram observadas anormalidades. Concluiu-se que o veneno não apresenta riscos toxicológicos por exposição aguda oral e dérmica e que o metodo de calor úmido é adequado para assegurar a inatividade toxicológica. Foi elaborado um manual de biossegurança para o manuseio e descarte do BraBot/005. Entretanto é necessário novos estudos na área para garantir a segurança por outras vias e tempo de exposição do veneno.