O louco no hospital geral: imaginário sobre a loucura e desafios ao cuidado integral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Prado, Marina Fernandes do
Orientador(a): Sá, Marilene de Castilho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/13329
Resumo: A produção do cuidado integral aos pacientes com transtorno mental grave internados no hospital geral em decorrência de um problema de saúde é um desafio para esses serviços e consiste num tema ainda pouco discutido no Brasil, seja no âmbito das políticas públicas, seja na própria academia. Neste contexto, a presente pesquisa se propõe a explorar o imaginário sobre a loucura e suas possíveis implicações para o cuidado integral ao paciente com transtorno mental severo internado em unidades não-psiquiátricas do hospital geral. Para tanto realizamos um estudo teórico, tendo como principais categorias de análise o cuidado integral, o imaginário, o trabalho em saúde e as representações sobre a loucura. Tomamos como um dos conceitos centrais o imaginário social, segundo Cornelius Castoriadis (1982), as principais noções de cuidado desenvolvidas no campo da saúde coletiva, elementos da história da loucura, a partir de uma leitura foucaultiana e as contribuições da psicossociologia francesa, de base psicanalítica, na discussão sobre as organizações. Reconhecemos como característica comum a todo trabalho em saúde seu caráter eminentemente intersubjetivo, protagonizando a cena terapêutica pelo menos dois sujeitos - o profissional de saúde e o paciente - o que nos faz admitir os reflexos dos processos inconscientes para a produção do cuidado assistencial. Desta forma, o trabalho em saúde implica um intenso trabalho psíquico dos profissionais, que envolve fantasias inconscientes, representações e afetos, muitas vezes ambivalentes, com relação ao paciente. A construção teórica que desenvolvemos sugere que o imaginário social instituído acerca da loucura, apreendida segundo características de imprevisibilidade, periculosidade e desordem, pode desfavorecer a construção de identificações positivas entre o profissional de saúde e o paciente com transtorno mental grave, o que impacta negativamente as práticas de cuidado, especialmente no hospital geral, espaço de alta densidade/concentração tecnológica, elevada padronização de procedimentos e rotinas, apresentando, em geral, pouco espaço para interações mais livres entre pacientes e profissionais. Além disso, a presença do louco no hospital geral e as construções imaginárias que ele tende a suscitar podem desestabilizar os pactos e alianças inconscientes que os profissionais de saúde e gestores, como quaisquer membros de organizações, comumente estabelecem entre si, o que também desestabiliza a dinâmica organizacional. Nessa direção, a centralidade da discussão sobre a dimensão imaginária nos permitiu compreender melhor o processo de construção e desconstrução do cuidado em saúde e os saberes que o sustentam.