Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Siqueira, Kãli |
Orientador(a): |
Fonseca, Maria de Jesus Mendes da,
Griep, Rosane Härter |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12991
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Resumo: |
As tendências das modificações do estado nutricional da população brasileira caracterizam uma transição nutricional, caracterizada pela redução na prevalência da desnutrição e pelo aumento na prevalência do sobrepeso e da obesidade. A obesidade tem causalidade complexa e multifatorial e em geral, está relacionada às mudanças nos padrões de comportamentos característicos da vida moderna, com destaque para a diminuição na atividade física e o consumo excessivo de gordura e de alimentos altamente calóricos e ultraprocessados. Entre as características da vida moderna está o trabalho noturno, que tem se disseminado crescentemente em função da demanda por serviços e produtos nas 24 horas, e tem sido investigado como possível fator de risco para a obesidade e o ganho de peso. O objetivo desta tese foi explorar as relações entre características do trabalho e o estado nutricional de trabalhadores de enfermagem que atuam em um hospital geral de grande porte no Município do Rio de Janeiro. Os resultados são apresentados em dois artigos. No primeiro analisou-se dados seccionais de 1182 trabalhadores de enfermagem de um hospital público do Rio de Janeiro. Buscou-se explorar as relações conjuntas entre o estado nutricional, variáveis relacionadas às condições sociodemográficas, trabalho e comportamentos de saúde em profissionais de enfermagem, a partir da técnica de análise de correspondência. Observamos a formação de quatro grupos, sendo três agrupados segundo as categorias do índice de massa corporal. O grupo que conteve os obesos incluiu condição de saúde ruim, fatores socioeconômicos atuais e pregressos desfavoráveis e ex-trabalhadores noturnos, por outro lado, o grupo de baixo/adequado agregou as condições mais favoráveis, enquanto o grupo com sobrepeso foi composto por tabagismo, consumo de álcool e trabalho noturno atual (até cinco noites/quinzena). Os resultados mostraram que dentre as relações conjuntas de categorias associadas aos níveis de estado nutricional, destacaram-se aquelas relacionadas às condições socioeconômicas atuais e pregressas avaliadas, confirmando a importância dos determinantes sociais ao longo da vida. No segundo foram utilizados dados de duas pesquisas seccionais, realizadas no mesmo hospital. A população foi composta de 372 profissionais de enfermagem, que participaram das duas pesquisas. Avaliou-se a confiabilidade e a validade do peso e da estatura informados e do índice de massa corporal; estimou-se a prevalência e a incidência de sobrepeso e obesidade após sete anos de seguimento e analisou-se a associação entre a entrada no trabalho noturno e mudanças no estado nutricional (ganho de peso e IMC) em profissionais de enfermagem após sete anos. A prevalência global de sobrepeso e obesidade foi de 37,5% e 20,7%, respectivamente, nos homens foi de 47,5% e 15,3%, e nas mulheres de 35,5% e 21,7%, respectivamente. A incidência acumulada de sobrepeso foi de 19,8% e de obesidade foi e 17,4%. Entre os homens foi de 14,0% e 8,8% e nas mulheres de 20,9% e 19,2%, respectivamente. Verificou-se que as mulheres e os que mudaram do turno diurno para o noturno tiveram uma chance 2,6 vezes maior de ganho de peso superior a 5 kg e de 2,3 vezes maior de aumento de categoria do IMC, em sete anos, em comparação as categorias de referência. Observamos que os trabalhadores que mudaram do turno diurno para o noturno tiveram uma chance duas vezes maior de ter ganho de peso e aumento de categoria do IMC (OR=2,27; IC95%: 1,17-4,39 e OR=2,24; IC95%:1,16-4,34, respectivamente). A associação se manteve significativa para o aumento de categoria do IMC e apresentou significância limítrofe no ganho de peso após os ajustes com sexo, raça e idade (OR=2,14; IC95%:1,07-4,28, e OR=2,00; IC95%: 0,99-4,04 respectivamente). Os resultados apontaram elevada incidência de sobrepeso e obesidade entre os trabalhadores de enfermagem. E sugerem que a entrada no trabalho noturno caracteriza-se como um momento de maior influência no aumento de categoria do IMC e no ganho de peso. Em conjunto, os achados apontam que a exposição ao trabalho noturno está relacionada à obesidade e sinalizam a necessidade de implementação de medidas de promoção de saúde no ambiente de trabalho. |