Dieta e fatores ambientais associados aos tumores de cérebro em adultos: um estudo caso-controle no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Pereira, Rosângela Alves
Orientador(a): Koifman, Sergio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4498
Resumo: Os tumores de cérebro vêm ganhando importância devido ao aparente aumento da sua incidência e por sua alta letalidade. Não está, ainda, esclarecido se a elevação das taxas de tumores cerebrais é reflexo da modificação do risco de desenvolver a doença, ou se é consequência da melhoria dos métodos de diagnóstico, porque, apesar dos avanços na pesquisa epidemiológica e de genética molecular, a etiologia dos tumores de cérebro permanece desconhecida. A investigação da associação entre fatores da dieta e tumores de cérebro tem considerado os compostos N-nitroso como favorecedores do desenvolvimento desses tumores, e as vitaminas C e E atuando como protetores. Desenvolve-se na Região Metropolitana do Rio de Janeiro um estudo caso-controle de base hospitalar com o objetivo de determinar a magnitude da associação entre fatores de risco ambientais e os tumores de cérebro em adultos. São definidos como casos indivíduos de 30-65 anos, residentes na mesma região, internados em hospitais específicos com tumor primário de cérebro. Os controles são indivíduos internados nas mesmas instituições, pareados por sexo e frequência de idade, residentes na mesma área, excluídos os que tiverem diagnóstico de câncer ou de nosologias que tenham os componentes da dieta entre os seus fatores de risco. Para a obtenção dos dados utiliza-se um questionário com questões referentes à exposição a fatores de risco diversos como campos eletromagnéticos, exposições ocupacionais, radiação ionizante; defensivos agrícolas, contato com animais, uso de tabaco, álcool e medicamentos, antecedentes familiares de câncer; história de traumatismo craniano e os padrões de alimentação na adolescência e no ano anterior ao diagnóstico. Esta tese, composta por um conjunto de quatro artigos, explora algumas das questões mais relevantes que emergem no estudo da epidemiologia dos tumores de cérebro, particularmente, os métodos empregados na avaliação do papel que os fatores da dieta exercem no desenvolvimento destes tumores. Os dois primeiros artigos são uma revisão crítica da literatura científica publicada sobre a validação de métodos de avaliação do relato retrospectivo de dieta pregressa e sobre as evidências da associação entre dieta e câncer. O terceiro artigo apresenta os resultados da validação do instrumento utilizado para averiguar a dieta praticada na adolescência e o quarto, a análise dos dados obtidos no estudo-piloto da investigação de desenho caso-controle descrita acima. Este trabalho permitiu demonstrar que a investigação retrospectiva do consumo de alimentos é um estimador mais confiável do padrão alimentar pregresso do que as informações sobre dieta recente. Um questionário de frequência do consumo de alimentos foi desenvolvido e validado para ser aplicado em investigações sobre a associação entre dieta e doenças crônicas. Estudos que analisaram a associação entre fatores da dieta e tumores de cérebro em adultos revelaram associações moderadas entre o consumo de alimentos ricos em compostos N-nitroso e o consumo reduzido de frutas e vegetais com essa neoplasia. Por outro lado, os resultados preliminares do estudo caso-controle em andamento no Município do Rio de Janeiro indicaram um possível aumento do risco de tumor de cérebro relacionado ao consumo de produtos industrializados na adolescência e de colesterol no período anterior ao diagnóstico, mesmo quando as estimativas foram ajustadas pelo consumo total de energia e por histórico de casos de câncer na família. A continuidade deste estudo permitirá, futuramente, o desenvolvimento de análises mais específicas das variáveis de risco e a inclusão de outras co-variáveis, particularmente, o tipo histológico.