Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Zaffari, Letícia Warwar |
Orientador(a): |
Jannotti, Claudia Bonan |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47324
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Resumo: |
A concepção de que os cuidados e a criação dos filhos são responsabilidades femininas ainda tem muita força em nossa cultura. Essa ideia é baseada em uma ordem normativa de gênero que concebe a mulher como naturalmente afetiva e maternal, com vocação para o cuidado, enquanto o homem é colocado como figura ligada à provisão financeira e representação da família no espaço público. Serviços e profissionais de saúde também reforçam essas normas e responsabilizam principalmente as mulheres pelos cuidados com os filhos. No âmbito dos cuidados neonatais, não é diferente: seja no contexto de um nascimento saudável ou de uma internação em unidade de tratamento neonatal, as mães são chamadas a desempenhar o papel de cuidadoras zelosas, enquanto os pais são secundarizados ou mesmo excluídos. O objetivo desta dissertação de mestrado é compreender as dinâmicas através das quais lugares paternos e maternos se estabelecem na unidade neonatal de uma instituição pública de assistência, ensino e pesquisa, bem como entender de que maneira se (re)produzem ou não estereótipos e papeis de gênero e a clássica divisão sexual do trabalho neste ambiente. Para isso, realizou-se uma etnografia aplicada ao campo da saúde, que incluiu observação participante e entrevistas abertas. Os resultados foram analisados e divididos nas seguintes temáticas: (re)conhecendo a unidade neonatal: um espaço construído no feminino; o homem provedor e a mulher cuidadora: a reiteração da divisão sexual do trabalho na UTI Neonatal; masculinidade e feminilidade se constroem também no "bio": as representações do corpo sexuado e de suas vocações; o gênero em disputa na unidade neonatal Na pesquisa, conclui-se que as concepções e práticas do serviço e dos profissionais de saúde se calcam, muitas vezes de forma involuntária, nas ideias normativas de que homens e mulheres são naturalmente dados a exercer tarefas distintas na criação dos filhos, sendo as mulheres cuidadoras e os homens, provedores. Intensos debates sobre paternidade ativa têm sido travados no Brasil nos últimos anos, e novas leis e políticas a respeito do tema têm sido implementadas. Contudo, as mudanças ainda são tímidas e insuficientes, apenas tangenciando as bases mais fortes que estruturam a divisão sexual do trabalho, os papéis de homens e mulheres, e as identidades e simbolismos do feminino e do masculino. |