Estudo da associação de marcadores para Trypanosoma cruzi e humanos em uma coorte de pacientes com diferentes formas clínicas da doença de Chagas crônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lima, Ana Carolina Bastos de
Orientador(a): Britto, Constança Felícia De Paoli de Carvalho, Moreira, Otacilio da Cruz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53305
Resumo: A doença de Chagas (DC) é caracterizada por amplo espectro de desfechos clínicos, variando em severidade desde infecções assintomáticas até as formas graves relacionadas a danos cardíacos e no trato digestivo. No tocante ao Trypanosoma cruzi, seu agente etiológico, a heterogeneidade intraespecífica tem sido largamente investigada, e a correlação dos diferentes genótipos com as manifestações clínicas da doença ainda é desafiadora. O perfil genético do hospedeiro e a resposta imune frente à infecção são considerados fatores potencialmente importantes na progressão da doença. Este trabalho pretende analisar parâmetros relacionados ao T. cruzi (carga parasitária e genótipo) e humanos (polimorfismos de base única - SNPs em genes de citocinas e quimiocinas), buscando correlacioná-los com as diferentes formas clínicas da DC, sexo e idade dos pacientes. Dos 294 pacientes atendidos no Instituto Nacional de Infectologia, Fiocruz, 130 (44,2%) apresentaram PCR em tempo real (qPCR) positiva: 32 (24,6%) apresentavam a forma indeterminada, 74 (56,9%) a forma cardíaca (34 no estágio A, 23 nos estágios B1+B2, 17 nos estágios C+D), 18 (13,8%) com a forma mista e 6 (4,6%) portadores da forma digestiva. A carga parasitária no sangue dos pacientes variou de 0,002 a 72,21 eq. parasitos/mL, com valor da mediana de 0,390 [0,0700 – 2,050] eq. parasitos/mL. Todos os pacientes positivos por qPCR tiveram a identificação dos genótipos de T. cruzi diretamente do sangue. Os genótipos TcII e TcVI foram os mais prevalentes, representando 39,2% e 38,5%, respectivamente. Ademais, foi observado infecção única por TcIV em um paciente (de Pernambuco) com cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) no estágio A. Infecção única por TcV foi identificada em um paciente oriundo da Bahia apresentando CCC no estágio C; e casos de coinfecção TcII+TcV em um paciente (da Paraíba), com a forma indeterminada, e TcII/TcVI+TcV em outro paciente (de Minas Gerais), também na forma indeterminada. Quando foram comparados genótipos do parasito e carga parasitária, observaram-se medianas de 0,785 e 0,230 eq. parasitos/mL para TcII e TcVI, respectivamente. As frequências de CCC entre os pacientes infectados foram de 43,2% e 35,1%, relacionadas aos genótipos TcII e TcVI, respectivamente. Em relação à genotipagem dos SNPs posicionados nas regiões promotoras de genes de citocinas, desenvolvemos ensaios baseados em qPCR com High Resolution Melting, para a padronização e validação dos testes para 15 SNPs em 12 genes de citocinas, sendo estes: TNFA (-238G/A rs361525, - 308G/A rs1800629 e -1031T/C rs1799964), IL18 (-1297T/C, rs360719 e rs2043055A/G/T), IL1B (-511A/G rs16944), IL1RN (+11100T/C/A rs315952), IL12B (+1188A/C rs3212227), IL10 (-1082G/A rs1800896), IL4 (-509C/T rs2243250), MIF (- 173G/C, rs755622), IFNG (+874T/A rs2430561), IL17A (SNP G197A/G, rs2275913), IL17F (T7488C/T, rs763780) e TGFβ1 (códon 10 ou +869T/C/G rs1800470). Dois alvos foram eleitos (TNFA SNP -308G/A, rs1800629 e IL10 SNP -1082G/A, rs1800896) para a identificação destes SNPs na população de estudo. Não foram encontradas evidências de associação destes polimorfismos com a suscetibilidade ao desenvolvimento da DC. Porém, um valor de Qui-Quadrado muito próximo do nível de significância (Borderline 5%), X2= 3,742 e p=0,053, foi observado, sugerindo uma tendência de associação do alelo A de TNFA ao risco de DC. Em conjunto, tais achados reforçam o conceito de que a interação entre parasito/hospedeiro é essencial para o desenvolvimento da DC, bem como para a sua epidemiologia