Criocirurgia no tratamento da esporotricose: experiência de uma década

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Vivian Fichman Monteiro de
Orientador(a): Galhardo, Maria Clara Gutierrez, Valle, Antonio Carlos Francesconi do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48652
Resumo: Introdução: A esporotricose é uma micose subcutânea em que a maioria dos pacientes apresenta uma boa resposta aos esquemas antifúngicos padrões, com cura após uma média de 12 semanas. Entretanto, alguns pacientes apresentam dificuldade no seu manejo terapêutico devido a resposta insatisfatória ou contraindicações ao tratamento padrão. Objetivo: Descrever a resposta terapêutica dos pacientes com esporotricose cutânea, tratados com criocirurgia adjuvante aos antifúngicos orais, além de gestantes com esporotricose cutânea, tratadas unicamente com criocirurgia. Métodos: Estudo de coorte conduzido entre janeiro de 2006 e dezembro de 2016. Foram incluídos pacientes com diagnóstico confirmado por isolamento de Sporothrix spp. em cultura para os quais criocirurgia foi indicada por: a) estarem evoluindo com resposta clínica parcial aos antifúngicos durante o acompanhamento, b) terem interrompido o antifúngico oral por reações adversas, c) apresentarem lesões verrucosas ou úlcero-vegetantes extensas no início do tratamento ou d) serem gestantes que não desejavam realizar termoterapia. As sessões de criocirurgia foram realizadas mensalmente com aplicação de nitrogênio líquido, técnica de spray aberto, até a cura clínica da esporotricose. Resultados: Foram incluídos 203 pacientes, sendo 199, tratados com criocirurgia adjuvante e 4 gestantes. Em relação aos 199 pacientes, a média de idade foi de 55,7 anos com predomínio de mulheres (67,3%). A forma clínica mais comum foi a linfocutânea (58,6%), seguida da forma fixa (26,2%) e da cutânea disseminada (15,2%). A criocirurgia foi indicada em casos de resposta insatisfatória ao tratamento padrão (91,0%); para lesões extensas (6,0%) ou interrupção do antifúngico por efeito adverso (3,0%). O número de sessões de criocirurgia variou de 1 a 20, com mediana de 3. Cura clínica foi o desfecho em 91,0% dos pacientes, 1,0%, evoluiu com óbito não relacionado à esporotricose e em 8,0%, houve perda de seguimento. Pacientes que necessitaram de mais sessões de criocirurgia (mais de 4) para a obtenção da cura, foram os de mais idade (p = 0,034), e com uma maior proporção de comorbidades (p = 0,047). Na análise de sobrevida, o início tardio da criocirurgia e presença de doença cardiovascular foram associados a um tempo de tratamento mais prolongado. As gestantes foram submetidas a uma média de 2 sessões, variando de 1 a 3, com 100% de cura. Conclusão: Sugere-se que criocirurgia seja incorporada na abordagem terapêutica da esporotricose, tão logo seja caracterizada uma resposta insatisfatória ao tratamento; de forma precoce, em lesões que sabidamente tendem a evoluir cronicamente, principalmente as formas fixas e verrucosas, e como método isolado na impossibilidade de uso de antifúngicos orais, como nas gestantes ou nos pacientes que tenham apresentado reações adversas.