A ciência entre o uso seguro e a proibição dos agrotóxicos: toxicologia, políticas de saúde internacional regulamentação agrícola na trajetória de Waldemar Ferreira de Almeida (Brasil, 1937-1985)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lignani, Leonardo de Bem
Orientador(a): Sá, Dominichi Miranda de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58869
Resumo: A presente tese aborda as contribuições de Waldemar Ferreira de Almeida nos processos de implementação de marcos regulatórios para os agrotóxicos e da institucionalização da toxicologia no Brasil. Almeida foi um médico que atuou na área da toxicologia de pesticidas entre as décadas de 1940 e 1980. A maior parte de sua trajetória profissional ocorreu no Instituto Biológico de São Paulo (1939-1981), tendo atuado também como professor na Faculdade de Ciências Médicas na UNICAMP (1981-1991). Concomitantemente, Almeida foi convocado na condição de especialista para participar de fóruns nacionais e internacionais que debatiam a regulação dos agrotóxicos; organizados, respectivamente, pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua atuação profissional ocorreu em contexto interno de ditadura militar (1964-1985), que tinha na expansão do emprego dos pesticidas uma peça importante de seu projeto desenvolvimentista, e externo de emergência de movimentos ambientalistas, contrários ao uso destas substâncias à medida que a visibilidade dos impactos ao ambiente e à saúde ampliava-se. Almeida procurou se colocar como um mediador entre as ciências e a política, utilizando a toxicologia como árbitra das disputas entre posições que defendiam maiores restrições ao emprego dos agrotóxicos e aquelas resistentes a qualquer forma de controle, buscando delimitar parâmetros para o "uso seguro" dessas substâncias. Sua trajetória, portanto, é analisada como via de acesso privilegiada para compreender porque (e como) toxicólogos conseguiram ocupar a posição de especialistas autorizados a atuar na regulação dos agrotóxicos e quais foram os dilemas que enfrentaram nas decisões a serem tomadas.