Estudo da associação de micronutrientes (zinco, cobre e ferro) na infecção, e ou progressão para leishmaniose tegumentar em duas comunidades rurais do Estado da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santana, Gisélia dos Santos
Orientador(a): Costa, Jackson Mauricio Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/9044
Resumo: A leishmaniose tegumentar (LT) é um problema de saúde pública nas Américas, não somente por sua alta incidência e ampla distribuição geográfica, mas também, pela possibilidade de produzir úlceras persistentes e desfigurantes. É endêmica no Brasil, ocorrendo em ambientes florestais e extraflorestais. A detecção de áreas de alto risco para a infecção humana pode auxiliar na implementação de estratégias de controle mais eficientes nas áreas endêmicas rurais. Objetivos: descrever as características epidemiológicas, prevalência da infecção por Leishmania ssp nas populações do povoado de São Gonçalo/Contendas do Sinçorá - Bahia e no Distritode Florestal/Município de Jequié, Bahia, correlacionando os fatores de risco estabelecidos na literatura com os diferentes grupos estudados (indivíduos infectados, não infectados, e doentes) e avaliar a influencia da desnutrição na infecção e ou progressão para a doença, para isso, foram avaliados parâmetros bioquímicos como dosagem de fosfatase alcalina e ferritina, além dos níveis de metais Zn, Cu e Fe no plasma dos indivíduos.Material e Métodos - desenvolveu-se um estudo de corte transversal, através de inquérito epidemiológico, e imunoalérgico (exames intradermorreação de Montenegro/IDRM, e sorológico/ELISA). Foram cadastradas 36 famílias (170 indivíduos) de São Gonçalo e 129 famílias (480 indivíduos) de Florestal. A partir dos dados obtidos, construiu-se um banco de dados no EPIINFO for Windows, onde foram feitas as análises. Resultados. Observou-se que alguns fatores de risco apresentaram maior prevalência de infecção (IDRM+, ou ELISA+), tais como: indivíduos adultos, trabalhador rural; gênero masculino; família que cria mais de uma espécie de animal doméstico, ou que tem mais que um tipo de animal próximo à residência; domicílio próximo a matas e rios; cobertura da casa com palha; lixo no terreno; ausência de água encanada, embora não foram estatisticamente significantes. Observou-se ainda menor prevalência da infecção em indivíduos com boas condições de moradia (casa cobertura com telha, piso de cerâmica), que não possuíam ou tinham apenas uma espécie de animal doméstico em casa, quintal limpo (onde os indivíduos queimavam seus lixos), porém, estatisticamente não foi significante. Não encontramos associação de aumento do risco para infecção com os níveis dos metais, entretanto, observamos associação dos níveis de Zn com o aumento significante do risco para desenvolvimento da doença nos indivíduos do Distrito de Florestal. Além disso, foi interessante notar que houve uma gradação tanto nos números absolutos quanto relativos de indivíduos com deficiência de Zn, partindo dos não infectados (18/54 ou 33,33%), para novos infectados (11/25 ou 44%) até os pacientes (6/6 ou 100%), de maneira semelhante ao que aconteceu com os níveis de IgG nos indivíduos de São Gonçalo. Conclusões: a existência de alguns fatores responsáveis pelo aumento de casos da doença na região (falta de saneamento básico, situação econômica precária, construção inadequada das casas, convívio com animais silvestres, ou domésticos). A deficiência de Zn aumenta o risco para doença LT, mas não para a infecção por Leishmania spp;. Desta forma uma estratégia de controle para a região seria avaliar melhor os focos de transmissão domiciliar, e extradomiciliar, implantando um sistema de manejo ambiental (conhecer melhor a faúna flebotomínica, e hábitos do vetor, evitar o acúmulo de lixo e detritos que possam atrair roedores, pequenos mamíferos, e funcionar como criadouros dos insetos).