Análise da concordância entre mensuração objetiva e mensuração subjetiva do ambiente alimentar e sua associação com a incidência de excesso de peso em participantes do ELSA-Brasil

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Ciarelli, Carlos Gustavo Pereira Lima
• Orientador(a): Cardoso, Letícia de Oliveira
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52856

Apesar de um vasto corpo de pesquisa sobre possíveis associações entre características ambientais e desfechos de saúde relacionados ao ExP, os resultados ainda são inconclusivos quanto à sua força, direção, ou mesmo a existência de tais associações. Este trabalho contribui preenchendo um pouco da lacuna de conhecimento em relação à mensuração do ambiente alimentar e a sua influência sobre a incidência de ExP por meio de dois objetivos: analisar a existência e a força da concordância entre uma medida subjetiva (percepção) e medidas objetivas de um mesmo construto do ambiente alimentar comunitário – a disponibilidade de alimentos saudáveis, e; analisar a associação entre a incidência de excesso de peso e a disponibilidade de alimentos saudáveis, mensurada de maneira objetiva, por meio da proporção de pontos de venda de alimento dentro dos limites de uma vizinhança, e de maneira subjetiva, de acordo com a percepção dos moradores desta vizinhança. A análise A, baseada numa amostra de 927 moradores da cidade do Rio de Janeiro, não encontrou concordância – ou qualquer relacionamento – entre a percepção da disponibilidade de alimentos saudáveis e a aferição objetiva desta disponibilidade. A análise B, baseada numa coorte de 324 servidores públicos moradores da cidade do Rio de Janeiro, estimou um modelo de regressão logística multinível, tendo o indivíduo como primeiro nível e sua vizinhança de moradia como segundo nível, para investigar a associação entre índices de mensuração subjetiva ou objetiva do ambiente alimentar e a incidência de ExP. aOs resultados obtidos para a amostra total determinaram as seguintes associações entre o desfecho e as variáveis preditoras: negativa significativa com a percepção do ambiente; positiva significativa com a disponibilidade objetiva de alimentos saudáveis e; negativa não significativa com a disponibilidade objetiva de alimentos não saudáveis. Os resultados obtidos para a associação da percepção do ambiente com o desfecho estão de acordo com o de outro estudo longitudinal, realizado em país anglófono de alta renda, que utilizou a mesma escala de percepção. Os resultados obtidos para i) a concordância entre os índices de percepção e de aferição objetiva e ii) para a associação de cada índice de mensuração objetiva do ambiente com o desfecho, contrários ao esperado, foram atribuídos à discrepância entre o período que ocorreu a onda base e aquele no qual foram coletados os dados sobre os estabelecimentos alimentares, possíveis deficiências na acuracidade dos dados utilizados para a avaliação objetiva do ambiente e a uma possível inadequação dos índices objetivos para mensurar o construto “disponibilidade de alimentos saudáveis” de maneira acurada.