Cultura psicanalítica nas páginas de quadrinhos autobiográficos (Estados Unidos, 1968-1989)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Diego Luiz dos
Orientador(a): Facchinetti, Cristiana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56525
Resumo: O trabalho tem como objetivo promover o debate acerca da influência da cultura psicanalítica na construção das subjetividades estadunidenses durante as décadas de 1970 e 1980. Historiadores da psicanálise e dos saberes psi em geral observam que no período pós-Segunda Guerra Mundial, em grande parte do Ocidente, a psicanálise não só foi apropriada pela psiquiatria, como passou a atravessar os mais diversos saberes locais. Nesta dinâmica, ideias psicanalíticas passaram a integrar esferas artísticas, publicitárias, jornalísticas, entre outras, influenciando e sendo influenciadas pela cultura de cada local onde foi apropriada. Este fenômeno tornou possível a construção de modos não apenas científicos, mas populares, de interpretações acerca da loucura e da construção das subjetividades. Partindo desta premissa, a tese discute as especificidades dessa apropriação e seus impactos para a construção da história de pessoas comuns e de suas vidas nos Estados Unidos na segunda metade do século XX. As principais fontes de pesquisa foram obras de artistas underground estadunidenses que inseridos no contexto da contracultura, produziram e distribuíram histórias em quadrinhos marginais de cunho autobiográfico com objetivo de investir mum processo de construção-de-si e firmar um posicionamento crítico aos valores morais hegemônicos na cultura estadunidense. À luz de conceitos como cultura psicanalítica, de Sérvulo Figueira, apropriação de Roger Chartier e circulação de saberes de Kapil Raj, foi possível compreender como os artistas elegeram categorias psicanalíticas como “recalque” e “neurose”, com objetivo de contestar as instituições sociais e os ideais de família nuclear reforçados durante a Guerra Fria. O trabalho, portanto, nos oferece um vislumbre acerca das maneiras como a arte e os saberes psi podem ser mobilizados como instrumentos de crítica e transformação social e cultural