A luta é coletiva, mas a resistência é individual? Violências vivenciadas e estratégias de enfrentamento construídas pela comunidade universitária de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e outras identidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Faria, Mateus Aparecido de
Orientador(a): Modena, Celina Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34205
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi identificar e analisar as violências vivenciadas e as estratégias de enfrentamento desenvolvidas pela comunidade universitária de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e outras identidades (LGBT+). A justificativa da pesquisa embasa-se na necessidade de proporcionar subsídios para intervenções contra vio lências, construir conhecimentos que não sejam cis-heteronormativos e compreender violências e estratégias de enfrentamentos pela perspectiva pós-estrutural. Esta pesquisa foi qualitativa, exploratória e descritivo-interpretativa, através de entrevistas com roteiro semiestruturado e contou com a participação de nove pessoas. A análise foi efetuada por meio da Análise do Discurso Crítica, com o auxílio do software KitConc 4.0. As pessoas participantes da pesquisa associaram à violência palavras que indicavam o processo violento, ao produto da violência ou ainda a sujeitos ou alvos das violências. Violência está ligada a medo, agressão, preconceito, abuso sexual e travesti. Identificou-se também atravessamentos de práticas discursivas religiosas, jurídicas, estruturalistas e biomédicas nas entrevistas. Tais construções sociodiscursivas trouxeram à tona um corpo-limite, que constrói sua existência pela ordem bélica, sendo impedido de ser sujeito de direitos. As cenas violentas mudam por vieses interseccionais como a relação interior-metrópole, a cor da pele e o gênero. Percebe-se a ideologia patriarcal como marcante nas entrevistas. As violências contra pessoas trans são mediadas preponderantemente pelo corpo, ao mesmo tempo alvo e instrumento. As relações de amizade são a principal forma de lidar com as violências contra pessoas LGBT, apesar de também ser violentadora. O oposto acontece com a família, que geralmente é apontada como a primeira cena violenta, no entanto é protetora algumas vezes. Outra estratégia de enfrentamento como buscar apoio a movimentos sociais e religião também faz parte dos atos performatizados de constituição frente à violência. A não-estratégia configura-se como uma forma de lidar com a violência pela imobilidade. A partir das entrevistas foi identificada uma performance de vida como vigilante, a qual o constante estado de atenção é mantido, pois todo território se torna inimigo.