Fatores de risco para o câncer oral no Rio de Janeiro: estudo caso controle

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Koifman, Rosalina Jorge
Orientador(a): Koifman, Sérgio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12841
Resumo: Um estudo caso-controle de base hospitalar foi realizado entre 1999-2003 com 210 casos de câncer de boca e orofaringe e de 251 controles. Casos foram pacientes com confirmação histopatológica de neoplasia da boca (C00-C10) e faringe (C14), excluídas o lábio externo, virgens de tratamento, com idade entre 15-79 anos e residentes na RMRJ. Os controles foram pacientes pareados por sexo e frequência de idade hospitalizados em dois centros da rede pública, residentes na RMRJ, com patologias não associadas ao consumo de fumo e álcool. Após assinatura de termo de consentimento, todos foram entrevistados respondendo sobre antecedentes de tabagismo, consumo de álcool, hábitos alimentares, prática de higiene oral e padrão alimentar pregresso. A história ocupacional ao longo da vida de cada participante foi obtida mediante o preenchimento de um questionário ocupacional geral, crescido questionários específicos de dezenove ocupações selecionadas quando mencionadas na entrevista. As exposições ocupacionais foram estratificadas e analisadas através de parâmetros de intensidade, frequência e confiabilidade da exposição. Foram coletadas amostras de material biológico para análise de polimorfismos genéticos e pesquisa de HPV. A análise dos dados visou a determinação das OR das variáveis analisadas, sendo também obtidas aquelas referentes à interação entre polimorfismos genéticos selecionados com fumo e com álcool através da metodologia de estudo caso-controle apenas em casos. Em relação ao habito de fumar, foi observada uma associação com o câncer oral em fumantes versus não fumantes (OR ajustada 4.8, 95% IC 2.5-9.7) com efeito dose-resposta (OR ajustada 4.7, 95% IC 3.2-11.0, para > 50 maços cigarro/ano ou equivalente) e associação com a precocidade do hábito (OR ajustada 5.6, 95% IC 2.5-12.2). Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, observou-se associação com a doença e efeito dose-resposta (OR ajustada 5.9, 95% IC 3.1-11.5 em bebedores de 160 g. de álcool ou mais diariamente). Na análise da suscetibilidade genética, foi observada associação entre o polimorfismo de CYP1A1 C2/C2 com o câncer oral (OR ajustada por sexo, idade, fumo e álcool de 5.3, 95% IC 0.8-36.2) e GSTM3 AB. (OR ajustada 1.33, 95% IC 0.9 – 2.0). Através do estudo apenas de casos, observou-se uma razão de chances de interação de fumo com CYP1A1*2C (OR 1.9, 95% IC 0.6- 6.9), com GSTM1*A (OR 1.9, 95% IC 0.7-5.6) e GSTM1B (OR 2.2, 95% IC 0.5-10.4). Em relação às interações de polimorfismos com o consumo de álcool, as seguintes razões de chance foram observadas: com CYP1A1*2C, OR 1.3, 95% IC 0.3-6.2; com GSTM1*A, OR 3.4, 95% IC 1.0- 13.5; com GSTM1*B, OR 1.6, 95% IC 0.5-6.7; com GSTM3*B OR 2.1, 95% IC 0.8-5.7. Em relação à dieta, foi observado efeito protetor para o consumo de 4 ou mais porções/semana de vegetais crus (OR ajustada 0.4, 95% IC 0.2-0.6), para mais de 14 porções/semana de feijão (OR ajustada 0.3, 95% IC 0.1-0.9), 2 ou mais maçãs/semana (OR ajustada 0.3, 95% IC 0.2-0.6) e 5 e mais bananas/semana (OR ajustada 0.5, 95% IC 0.3-0.9), mais de 7 copos de leite/semana (OR ajustada 0.4, 95% IC 0.3-0.7) e mais de um copo de iogurte/semana (OR ajustada 0.5, 95% IC 0.3-0.7), sendo verificada a presença de risco para câncer oral decorrente do consumo de mais de uma porção semanal de embutidos (OR ajustada 1.8, 95% IC 1.1-3.1). Em relação à análise das exposições ocupacionais, foi constatada presença de risco de câncer oral em trabalhadores da construção civil (OR ajustada 2.2, 95% IC 1.3-3.6) e efeito protetor em atacadistas (OR ajustada 0.63, 95% IC 0.40-0.99). Os resultados obtidos neste estudo no Rio de Janeiro quanto às associações analisadas com o câncer de boca e orofaringe, sobretudo em relação à dieta e suscetibilidade genética, estão relativamente em acordo com os relatos da literatura científica.