Atuação dos médicos da Atenção Primária à Saúde em territórios rurais remotos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Franco, Cassiano Mendes
Orientador(a): Giovanella, Lígia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57496
Resumo: Territórios rurais remotos são invisibilizados em suas especificidades, sofrendo com iniquidades no acesso a serviços sociais. No setor saúde, além do acesso, destacam-se dificuldades na organização dos serviços e na força de trabalho em saúde (FTS). As estratégias em territórios rurais são fortemente baseadas na Atenção Primária à Saúde (APS), mas carecem de modelos ajustados a realidades desses territórios e são atravessadas por baixa atração e fixação de profissionais de saúde, especialmente de médicos, ademais da inadequação de práticas. O objetivo desta tese de doutorado foi analisar a atuação dos médicos da Estratégia Saúde da Família (ESF) em territórios rurais remotos. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, orientada por revisão integrativa de literatura internacional e análise de conteúdo de 46 entrevistas a médicos da ESF em 27 municípios rurais remotos (MRR), a partir de pesquisa nacional mais ampla. A tese resultou em três artigos. O primeiro consistiu de revisão integrativa de literatura internacional em 69 artigos selecionados. Os artigos foram categorizados em acesso, organização da atenção e FTS. Distinguiu-se temas centrais nesses três desafios em áreas rurais e estratégias transversais, como a atuação comunitária, modelos de extensão/visitação, tecnologias de informação e comunicação, acesso à assistência e formação e desenvolvimento profissional. O segundo artigo verificou que os médicos centravam suas atividades nas unidades básicas de saúde, principalmente nas sedes dos MRR. O conhecimento sobre características do território e da população era frágil, com raras ações no território, em um modelo itinerante e/ou campanhista, marcado por descontinuidade. A demanda espontânea foi priorizada em detrimento de ações de acompanhamento e planejamento do cuidado. No último artigo, observou-se que a atuação dos médicos era restrita a uma trajetória curta, de médicos jovens e formados no exterior, caracterizada por uma assistência limitada em sua abrangência e centrada no adoecimento agudo, com abordagem individual e biomédica. Havia dificuldades na adaptação sociocultural e no posicionamento social em MRR. Ocorriam tanto limites organizacionais dos municípios quanto de competências, sobretudo em atitudes, para atuação em áreas rurais. Os resultados da tese indicam a necessidade de se reforçar a interação com o território na atuação dos médicos, maior desenvolvimento da prática integral no modelo da ESF e direcionamento público no financiamento, formação e carreira na APS para o Sistema Único de Saúde, com especial visão para MRR.