Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Arinelli, Andrea Cardoso |
Orientador(a): |
Galhardo, Maria Clara Gutierrez,
Curi, André Luiz Land |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48653
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Resumo: |
A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos dimórficos do gênero Sporothrix. A região metropolitana do Rio de Janeiro é hiperendêmica para esporotricose zoonótica transmitida por gatos desde 1998. Esporotricose ocular é raramente descrita em pacientes imunocompetentes ou em indivíduos sem trauma ocular. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico, clínico, micológico e terapêutico dos pacientes com esporotricose ocular atendidos no ambulatório do Laboratório de Pesquisa Clínica em Oftalmologia Infecciosa do INIFiocruz, entre 2007 e 2017. Para isso, foram revisados os registros em prontuário dos pacientes com diagnóstico confirmado por isolamento do fungo em cultivo a partir de espécime ocular. Foram encontrados 120 casos, correspondendo a 3,3% (120/3590) dos casos de esporotricose no período estudado. Mulheres foram as mais acometidas (61,7%) e a idade variou de 3 a 86 anos (mediana de 24 anos). As principais faixas etárias acometidas foram adultos (50,8%) e crianças até 11 anos (25,8%). A forma ocular isolada foi mais frequente (75,8%). Esporotricose cutânea fixa foi a mais comumente associada (48,3%), e reação de hipersensibilidade foi observada em 10% dos pacientes. O acometimento ocular foi unilateral em 98,3% dos casos, e a manifestação mais frequente foi a conjuntivite granulomatosa (86,7%), com 84,6% dos casos afetando a conjuntiva tarsal, e 25% a bulbar. Houve maior frequência de comorbidades nos casos de conjuntivite bulbar (45,5%), que é uma forma mais grave da esporotricose ocular. A lesão palpebral foi a segunda mais frequente (25%), principalmente na pálpebra inferior (66,7%). A dacriocistite representou 7,5% dos casos, predominando em crianças (55,6%). Adenomegalia satélite foi encontrada em 73,4% dos pacientes, principalmente associada com conjuntivite granulomatosa (síndrome oculoglandular de Parinaud) (66%). A maioria dos pacientes recebeu tratamento prévio ao atendimento no INI-Fiocruz, mas em somente 27% dos casos o tratamento específico foi instituído, demonstrando a dificuldade da abordagem da esporotricose ocular no Rio de Janeiro. A maioria dos pacientes foi tratada com itraconazol (95,8%), e todos os pacientes tratados curaram. Sequelas foram observadas em 23 pacientes (22,5%), a maioria com indicação de cirurgia. As principais foram dacriocistite crônica (7,8%); alterações corneanas (4,9%); simbléfaro (2,9%); fibrose conjuntival (2,9%) e fístula (2,9%). A conjuntivite bulbar evoluiu com mais sequelas (34,8%) do que a tarsal (16,4%). Dacriocistite evoluiu para dacriocistite crônica e a formação de fístulas em 88,9 e 33,3% dos casos, respectivamente. Desse estudo pode-se concluir que a esporotricose ocular vem se apresentado como forma característica da transmissão zoonótica, com alta morbidade. Deve ser considerada no diagnóstico diferencial em áreas endêmicas. O retardo do início do tratamento específico provavelmente aumenta o risco de evolução para formas mais graves da doença e do desenvolvimento de sequelas oculares. |