Perfil genômico dos poliovírus de origem vacinal isolados de casos de paralisias flácidas agudas, no Brasil, no período pós-eliminação dos poliovírus selvagens da região das Américas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Costa, Eliane Veiga da
Orientador(a): Silva, Edson Elias da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5892
Resumo: A poliomielite (poliomielite anterior aguda, paralisia infantil) é uma doença infecciosa de caráter agudo que ocorre seguida a uma infecção causada por um dos três sorotipos de poliovírus, denominados poliovírus tipos 1, 2 e 3. Em 1988, quando os poliovírus selvagens eram endêmicos em 125 países ficou estabelecida durante a 41a Assembléia Mundial da Saúde, em Genebra, a meta da erradicação da poliomielite até o ano 2000. Os poliovírus selvagens estão hoje restritos a apenas quatro países (Nigéria, Afeganistão, Paquistão e Índia). Este grande sucesso é atribuído à utilização sistemática da vacina oral contra a poliomielite (VOP), desenvolvida pelo Dr. Albert Sabin. Esta vacina, licenciada nos anos de 1960s, e que vem sendo utilizada por mais de quatro décadas, consiste de variantes atenuadas de cada um dos três sorotipos de poliovírus. Por ser uma vacina constituída por vírus vivos atenuados, os problemas a ela associados estão principalmente ligados à sua instabilidade genética e a possibilidade do aparecimento de mutações e recombinações nas subpopulações virais excretadas. Durante a replicação do vírus vacinal em humanos, frequentemente ocorre reversão de algumas substituições nucleotídicas que conferem o fenótipo atenuado. Essa é a principal causa do aparecimento de raros casos de poliomielite associados à vacina (VAPP), relatados em diferentes países, assim como surtos de poliomielite paralítica devidos à infecção por estes vírus vacinais derivados (PVDV) que possuem propriedades biológicas semelhantes aos poliovírus selvagens. A análise e caracterização de quatro regiões distintas do genoma viral (5’NC, VP1, 2C e 3D), dos poliovírus vacinais isolados no Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz, a partir de amostras clínicas de casos de paralisia flácida aguda que ocorreram no Brasil, no período de 1995 a 2007, constituíram no principal objetivo do presente trabalho. Um total de 177 amostras dos três sorotipos foi analisado por sequenciamento nucleotídico em todo o gene que codifica a VP1; 222 amostras foram analisadas por duplex RT-PCR nas regiões 2C e 3D; 68 amostras foram analisadas na região 5´- NC e 44 amostras foram analisadas nas 4 regiões (5´NC, VP1, 2C e 3D). Dois isolados de PV2, apresentando mais de 1% de mutação em VP1, foram identificados e classificados como PVDV2. Existem aproximadamente 40 relatos de PVDV relacionados a pacientes imunodeficientes de 1962 a 2010, globalmente distribuídos, porém nenhum identificado no Brasil. Das 68 amostras sequenciadas na região 5’NC visando à avaliação de uma importante posição nucleotidica envolvida na atenuação da neurovirulência em cada um dos 3 sorotipos (PV1480, PV2481 e PV3472), os seguintes resultados foram encontrados: PV1=18.5% mutadas na posição 480, PV2=65% mutadas em 481 e PV3=81% mutadas em 472. Recombinação (em 2C/3D) foi encontrada em 15 amostras: 1 PV1 (1,3%), 5 PV2 (6,6%) e 9 PV3 (13,2%). Os três sorotipos de poliovírus apresentaram comportamento distinto em relação às análises realizadas, sendo o sorotipo 3 o menos estável em relação ao padrão de recombinação e reversão à neurovirulência seguido pelo sorotipo 2 e o sorotipo 1 foi o mais estável. A monitorização do perfil genômico dos poliovírus vacinais em circulação é essencial no estágio final de erradicação global da poliomielite.