Investigação de polimorfismos no gene humano da glut1: correlação com a infecção pelo HTLV-1

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Costa, Giselle Calasans de Souza
Orientador(a): Alcantara, Luiz Carlos Júnior
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4216
Resumo: O HTLV-1 é o agente etiológico da Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao HTLV-1 (TSP/HAM) e da Leucemia/Linfoma das Células T do Adulto (ATLL). No entanto, o desenvolvimento de manifestações clínicas associadas ao HTLV-1 ocorre em 2-4% da população infectada e ainda não se sabe por que esta infecção permanece assintomática na maioria dos portadores. Tem sido sugerido que o desfecho da infecção pode ocorrer devido a variações (mutações) em genes do hospedeiro e/ou do vírus. Recentemente, foi demonstrado que o HTLV é capaz de utilizar a glicoproteína transportadora de glicose do tipo 1 (GLUT1) para infectar linfócitos T CD4+. Diversos estudos têm demonstrado uma associação entre mutações em regiões regulatórias de genes humanos e manifestação de doença. Polimorfismos no gene da GLUT1 foram associados à susceptibilidade a nefropatia diabética, em pacientes com diabetes mellitus dos tipos 1 e 2 em diferentes populações. Com o objetivo de verificar possíveis correlações entre polimorfismos nas regiões regulatórias e codificante do gene humano da GLUT1 com o desenvolvimento de TSP/HAM, analisamos os polimorfismos -2841A>T, XbaIG>T e HaeIIIT>C em indivíduos infectados pelo HTLV-1 e em indivíduos não-infectados de Salvador. Os SNPs XbaIG>T e HaeIIIT>C foram verificados por PCR/RFLP e o SNP -2841A>T, por seqüenciamento. Além disso, a carga proviral do HTLV-1 foi quantificada por PCR quantitativo em tempo real. Com o intuito de verificar a freqüência dos polimorfismos em GLUT1 na população brasileira com diferentes etnias, foi realizada a análise dos polimorfismos XbaIG>T e HaeIIIT>C em Ameríndios da tribo Tiriyó; descendentes de europeus da região Sul do Brasil; descendentes de japoneses, descendentes de europeus e afro-descendentes da região Sudeste. As freqüências genotípicas para os polimorfismos analisados estavam de acordo com o esperado pelo Equilíbrio de Hardy- Weinberg. O polimorfismo HaeIIIT>C estava em desequilíbrio de ligação com os polimorfismos XbaIG>T (χ2=37,555, p=0,003, 4 d.f.) e -2841A>T (χ2=∞, p=0,000, 4 d.f.). A freqüência do genótipo T/T do polimorfismo XbaIG>T foi mais elevada nos indivíduos assintomáticos e com TSP/HAM do que nos indivíduos oligosintomáticos. Em relação ao polimorfismo HaeIIIT>C, nós observamos uma maior freqüência do genótipo T/C nos pacientes com TSP/HAM. Quanto ao polimorfismo -2841A>T, foi verificada uma distribuição similar dos genótipos analisados em todos os grupos estudados. Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes nas distribuições genotípicas e alélicas entre os indivíduos infectados e não-infectados pelo HTLV-1, assim como em relação ao status clínico dos pacientes infectados pelo HTLV- 1 nos polimorfismos XbaIG>T, HaeIIIT>C e -2841A>T. Em relação ao seqüenciamento de 339pb da região promotora de GLUT1, foi observada uma nova mutação G>T na posição -2807 em 6 indivíduos (1 assintomático, 2 com TSP/HAM e 3 não-infectados), caracterizando esta mutação como um polimorfismo. Nossos resultados indicam que os polimorfismos XbaIG>T, HaeIIIT>C e -2841A>T, apesar de, possivelmente, estarem relacionados com a entrada de glicose na célula (XbaIG>T e -2841A>T) não estão relacionados com a infecção pelo HTLV-1 nem com o desenvolvimento de TSP/HAM, sugerindo que as diferentes atividades realizadas pela proteína GLUT1 (transporte de glicose e recepção do HTLV-1) são mediadas por diferentes domínios da mesma. Quanto ao estudo de base populacional, nós confirmamos que as freqüências alélicas dos polimorfismos XbaIG>T e HaeIIIT>C variaram de acordo com a etnia.