A representação de cientista e da ciência em desenhos animados: uma análise de Lego Friends, Detetives da Natureza e The Deep

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rodrigues, Raquel Nunes Mazziotti
Orientador(a): Ramalho, Marina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59375
Resumo: Esta pesquisa aborda a temática da representação social de cientista e da ciência refletida nos desenhos animados “Lego Friends”, “Detetives da Natureza” e “The Deep”. O objetivo do estudo foi identificar tais características e possíveis transformações em relação aos estereótipos tradicionais. A cultura da convergência possibilitou a fusão entre celular, televisão e internet e o encontro entre mídia tradicional e contemporânea, com uma nova relação entre produtor e consumidor de conteúdo que pode assistir à televisão independente delocal e horário. Nesse contexto midiático, inserem-se as plataformas que disponibilizam um cardápio de conteúdo variado, inclusive desenhos animados. Para este estudo, nos baseamos na teoria das Representações Sociais, fortes influenciadoras da sociedade, e, também, refletidas na vida das pessoas, e por elas absorvidas e propagadas. Revisitamos, ainda, reflexões sobre como os estereótipos de cientista e ciência foram sendo construídos socialmente no decorrer dos tempos. A representação do cientista e da ciência no imaginário social, sobretudo de crianças e adolescentes, tem sido objeto de estudos desde a década de 1950, a partir da sistematização de indicadores, que estruturou os estudos com o método Draw-A-Scientist-Test (DAST) e estabeleceu uma imagem padrão da caracterização do cientista, o que propiciou estudos em diversos países a partir de sua aplicação. Independente do país de origem, os desenhos costumam trazer características muito próximas à imagem padrão, porém, pondera-se se tais características estariam perdendo força, uma vez que a cientista de gênero feminino começa a ser retratada em diferentes produtos midiáticos. A partir disso, a hipótese que se coloca é que os cientistas abordados em desenhos animados atuais têm características que diferem da imagem padrão do cientista estereotipado pelo DAST, a fim de dar lugar à ascendência de atributos outros que se inserem e se confundem com o próprio progresso da ciência. A metodologia utilizada fez uso da pesquisa exploratória e, para a observação sistemática, foram selecionados quatro episódios de cada desenho animado escolhido, que possuem temáticas e públicos-alvo distintos. Para análise dos episódios selecionados, foi utilizado um protocolo de análise de conteúdo com abordagem qualitativa. Por fim, foi feita a comparação com estudos de desenhos mais antigos, procedimento que possibilitou a análise dos estereótipos de cientistas, bem como quais são as mudanças apresentadas. O estudo permitiu a constatação de acessórios, atributos físicos e características que expressam sentimentos e emoções que caracterizaram protagonistas e/ou cientistas de gênero feminino e de outras raças/cores (não apenas a branca), imagens que não eram comuns nos desenhos animados de antigamente. Por outro lado, não foram observadas mudanças com a mesma intensidade no que se refere à imagem da ciência. O estudo traz dados importantes por apontar para o início de mudanças que se dão por meio de inversão, convivência e recombinação de representações sociais. Pois, os desenhos analisados ora reforçam os estereótipos, ora os desafiam. Pondera-se, ainda, que as mudanças nos desenhos podem ser reflexo de mudanças sociais, culturais e no perfil do público, que passou a ser ativo, participativo e com poder de compra, o que estimula mudanças no mercado midiático.