Avaliação da resistência bacteriana em Estações de Tratamento de Esgoto da Fiocruz com ênfase no perfil fenotípico e molecular para beta-lactamases em enterobactérias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Abrantes, Jaime Antonio
Orientador(a): Nogueira, Joseli Maria da Rocha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55326
Resumo: O gerenciamento de resíduos é um desafio no Brasil e no mundo, pois a cada dia há aumento populacional, expansão territorial e como consequência, um volume maior de diversos tipos de resíduos produzidos. Para minimizar os impactos ao Meio Ambiente e à Saúde humana, as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) foram criadas e têm como meta principal recuperar a qualidade das águas residuais, diminuindo a sobrecarga da natureza na tentativa de realizar esta tarefa. No esgoto podem estar presentes micro-organismos causadores de morbidades, in-clusive aqueles portadores de resistência aos antimicrobianos utilizados no tratamento de doenças infecciosas. Tendo como base essas informações, este estudo objetivou detectar bactérias resistentes aos principais antimicrobianos em duas ETE na Fundação Oswaldo Cruz, realizando a triagem de grupos diversos com o auxílio de meios cromogênicos e testes especí-ficos. Quatro coletas realizadas na ETE Central e ETE INI entre os meses de agosto e setembro de 2021, totalizaram dezesseis amostras divididas em esgoto bruto e tratado de cada uma das estações. Foram realizadas técnicas quantitativas para bactérias totais cultiváveis, para bacilos Gram-negativos (BGN) resistentes às cefalosporinas de terceira geração, assim como técnicas qualitativas, a fim de identificar estes micro-organismos, fornecer o perfil de suscetibilidade e apresentar possíveis mecanismos de resistência por testes fenotípicos e moleculares. A quantificação realizada resultou em crescimento bacteriano na ordem de 105 a 106 UFC/mL em esgoto bruto, enquanto no esgoto tratado foi de 102 a 105 UFC/mL. Os BGN resistentes compuseram de 7,1 a 36% do total de bactérias no esgoto bruto e zero a 4,7% no esgoto tratado. Em relação a eficácia do tratamento na redução de bactérias cultiváveis e resistentes, a ETE INI apresentou resultados de mais de 99% para ambos os tipos e a ETE Central apresentou 33,6% para redução de totais e 94,4% para a redução de BGN resistentes, apontando uma maior eficiência da ETE INI neste quesito. Ainda destas amostras foram isolados 62 espécimes de BGN dos grupos das enterobatérias (Enterobacterales), do gênero das Aeromonas e BGN não-fermentadores de glicose. Os principais gêneros e espécies de importância clínica encontrados foram Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Citrobacter sp., Aeromonas hydrophila, Acinetobacter sp. e Pseudomonas sp. Após o Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos em todos os isolados, os testes fenotípicos para detecção de carbapenêmicos identificaram oito isolados de enterobactérias resistentes positivos para o fenótipo de carbapenemases. Já os testes moleculares detectaram em seis isolados o gene blaKPC em Klebsiella pneumoniae, Citrobacter farmeri e em Citrobacter amalonaticus. Os resultados obtidos apontam que a resistência bacteriana aos antimicrobianos mais potentes estão nos organismos isolados do esgoto de origem hospitalar (INI) e que os testes fenotípicos foram eficazes na triagem dos mecanismos de resistência aos carbapenêmicos, sendo compatíveis com resultados dos testes moleculares. Ainda assim, a eficácia do tratamento ainda é maior na ETE INI, devido as especificidades do processo.