Avaliação da diversidade de quasiespécies do hepacivírus equino a partir da região de envelope no contexto da evolução da infecção e localização geográfica no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Albuquerque, Pedro Pereira Lira Furtado de
Orientador(a): Pinto, Marcelo Alves, Nunes, Andreza Soriano Figueiredo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44935
Resumo: O Hepacivirus A (hepacivírus equino - EqHV) foi o primeiro vírus do gênero Hepacivirus (Família Flaviviridae) descrito para um hospedeiro mamífero não humano. Descrito em infecção de cavalos, cães e muares, possui uma ampla distribuição global, co-circulando como dois subtipos virais sem qualquer associação geográfica. O animal infectado pelo EqHV desenvolve quadros clínicos de hepatite e a infecção pode evoluir para cronicidade. No entanto, o desenvolvimento para infecção crônica constitui uma minoria dos casos. O genoma do EqHV possui regiões hipervariáveis na região do envelope viral e uma dinâmica populacional de quasiespécies. Essa complexa dinâmica é associada a muitas dificuldades clínicas no tratamento, desenvolvimento de vacinas e características biológicas do vírus. Estudar esta complexidade populacional no contexto de diferentes evoluções da infecção e localizações geográficas, isto é, de animais que eliminaram ou que evoluíram para a infecção crônica, pode elucidar características importantes da evolução e distribuição dos hepacivírus. Desta forma, este projeto teve por objetivo acessar a população de quasiespécies do EqHV em equinos que eliminaram a infecção ou evoluíram para infecção crônica, bem como estimar a diversidade genética entre equinos de diferentes regiões geográficas do Brasil. Para a análise das quasiespécies, foi realizada a amplificação, sequenciamento e clonagem molecular do envelope viral abrangendo a região hipervariável do EqHV (400 pb), e um total de 236 clones foram obtidos. As populações de quasiespécies do animal crônico mostraram-se significativamente diferentes em relação aos animais que eliminaram a infecção, inclusive quando analisadas as sequências majoritárias (sequenciamento direto do produto de PCR) As sequências dos produtos de PCR dos quatro animais que eliminaram a infecção foram idênticas entre si, e entre a maioria dos clones obtidos desses animais. Esse resultado não foi observado para nenhuma das coletas do animal com infecção crônica. Além disso, não houve relação entre a localização geográfica e a distância genética inter-populacional do EqHV. As variações não sinônimas se concentraram em regiões de conhecida hipervariabilidade, sendo mais frequentes no animal crônico. Ademais, os dois pontos de coleta do animal crônico mostraram dinâmica de população de quasiespécies acelerada. A análise filogenética não distinguiu populações de animais crônicos, de eliminação ou de diferentes localizações geográficas. Em conclusão, verificou-se associação entre diversidade viral e persistência da infecção em que uma população homogênea tende à eliminação viral, enquanto uma população de maior diversidade tende à persistência. Não houve relação entre a distância geográfica e a distância genética, sugerindo distribuição antropogênica do vírus. Entender a dinâmica populacional do EqHV envolve benefícios que podem abranger a área médica veterinária e humana, contribuindo também na agenda de eliminação das hepatites virais humanas da Organização Mundial da Saúde (OMS).