Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Silva, Felipe Almeida da |
Orientador(a): |
Trilles, Luciana,
Wanke, Bodo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49274
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Resumo: |
A criptococose é uma micose sistêmica causada pelos complexos de espécies Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. São estimados mais de 223 mil casos de criptococose por ano no mundo em indivíduos com HIV/aids, cerca de cinco mil apenas na América Latina, sendo o Brasil um dos países com maior incidência. O aumento dos casos potencialmente fatais e a emergência de epidemias justificam a necessidade da vigilância epidemiológica da doença. São reconhecidos cinco sorotipos e oito tipos moleculares principais para os agentes da criptococose: Os sorotipos A, AD e D, tipos moleculares VNI \2013 VNIV, para C. neoformans, e sorotipos B e C, tipos moleculares VGI \2013 VGIV, para C. gattii, e recentemente, centenas de subtipos moleculares (ST) foram descobertos a partir do sequenciamento de diversos loci. Estes STs apresentam diferenças clínicas e eco-epidemiológicas importantes, como variações na distribuição geográfica, prevalência, virulência, resistência aos antimicrobianos, taxas de mortalidade e prognóstico da infecção, justificando assim a sua significância. O presente estudo teve como objetivo identificar subtipos genéticos descritos na literatura como mais virulentos e/ou resistentes aos fármacos antifúngicos, visando uma melhor compreensão da estrutura genética populacional do complexo C. neoformans no Brasil Para isso, foram analisados 64 isolados clínicos (de 48 indivíduos) e 15 isolados ambientais de C. neoformans (n=79). A identificação dos STs foi realizada utilizando o esquema Multilocus Sequence Typing (MLST), proposto pela ISHAM. Os isolados analisados foram identificados como: ST2 (n=1), ST5 (n=9), ST23 (n=4), ST32 (n=2), ST40 (n=10), ST41 (n=1), ST63 (n=1), ST77 (n=4), ST93 (n=45) e ST232 (n=2). Dentre os isolados, 72 foram identificados como tipo sexual MAT-alpha e 7 (todos clínicos) foram identificados como tipo sexual MATalpha/a. O ST93, identificado como o mais prevalente na população estudada, é descrito na literatura como um dos mais prevalentes em todo o mundo, além de estar associado a alta mortalidade em Uganda, a uma maior mortalidade no Sudeste do Brasil e a resistência aos fármacos antifúngicos anfotericina B e itraconazol. Acerca dos outros genótipos identificados no presente estudo, é descrito na literatura que: ST5 é um dos STs mais virulentos na Ásia, ST32 está relacionado a uma pior sobrevida após um ano de infecção, ST40 aparentemente apresenta alta atividade da enzima lacase e boa sobrevivência no líquor e o tipo VNB (representado neste estudo pelo ST232) apresenta maior virulência, além de estar relacionado a maior mortalidade e raro isolamento fora do continente africano No presente estudo, com as ferramentas utilizadas foi possível concluir que a estrutura populacional das cepas brasileiras de C. neoformans estudada é altamente clonal e sem recombinação genética. Além disso, esta é a primeira descrição da identificação de cepas VNB no estado do Rio de Janeiro, sendo também o seu primeiro isolamento clínico no Brasil. A identificação destes genótipos potencialmente mais virulentos, mais resistentes aos fármacos antifúngicos e de pior prognóstico clínico justificam a necessidade de ampliar os estudos clínico-epidemiológicos da criptococose no Brasil e no mundo, para o monitoramento dos genótipos circulantes e consolidação da vigilância epidemiológica em nosso País. |