Sentidos e práticas possíveis do cuidado em enfermagem: um estudo de caso na Estratégia Saúde da Família no município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Brasil, Thaís de Almeida
Orientador(a): Miranda, Lilian
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34152
Resumo: O tema do presente estudo é o cuidado possível exercido pelo enfermeiro na Estratégia Saúde da Família (ESF) no município do Rio de Janeiro (RJ). Entendemos o cuidado como um tipo de prática que se materializa no encontro intersubjetivo entre profissional e usuário, perpassado por aspectos técnicos e afetivos. Tal encontro intersubjetivo, bem como as possibilidades do cuidado dele derivadas, têm especificidades no contexto da Atenção Básica carioca, cuja gestão do trabalho se pauta, predominantemente, por uma lógica produtivista. Lógica a partir da qual a relação entre profissionais e usuários é atravessada pelas necessidades em saúde, saber-fazer dos trabalhadores, mas também por pressão por eficiência e precaridades nas condições do trabalho. O objetivo geral da pesquisa foi compreender os sentidos de cuidado em enfermagem na ESF no contexto do município do RJ. A pesquisa se configurou como um estudo de caso, com abordagem qualitativa, cujas estratégias foram observação participante e entrevistas em profundidade, desenvolvidas numa unidade com ESF junto a cinco enfermeiros. O material empírico foi interpretado a partir da inspiração hermenêutica gadameriana e da discussão sobre cuidado desenvolvida por autores do campo da Saúde Coletiva brasileira. Os resultados foram organizados em três eixos: as práticas de saúde da enfermagem; sentidos e práticas possíveis do cuidado em enfermagem; e as dificuldades e facilidades das práticas do cuidado em enfermagem. Observou-se que, na unidade estudada, as práticas de saúde dos enfermeiros consistiam, principalmente, nos atendimentos individuais aos usuários que buscavam serviço a partir de demanda espontânea e programada, nas visitas domiciliares e nos grupos. Os principais sentidos atribuídos ao cuidado foram: uma prática holística; algo indissociável ao trabalho da enfermagem; uma tarefa técnica; algo elaborado de modo parcial e integral; algo que beneficiava o usuário; uma prescrição de hábitos de vida; uma responsabilidade compartilhada. No cotidiano do trabalho da enfermagem, reconhecemos cenas cujos gestos e atitudes dos enfermeiros, indicavam a valorização dos elementos intersubjetivos da relação construída com o usuário. Em relação às dificuldades atribuídas ao cuidado foram elencados aspectos da infra-estrutura da unidade; o tempo e o ritmo do processo de trabalho; e a relação com o usuário. Já a potência do trabalho em equipe; a proximidade do território com a unidade; a rede de apoio do usuário; o apoio da gerência; e a confiança do usuário no enfermeiro, foram identificados como principais elementos que facilitavam o cuidado. A respeito da precariedade das condições de trabalho e da imposição de ritmo produtivo acelerado, observamos que os enfermeiros, foram capazes, em muitos momentos, de desenvolver um cuidado sustentado pelo respeito a singularidade do outro e pela possibilidade de trocas intersubjetivas, integradas às ações técnicas.