Lixo: problemas, caminhos possíveis e práticas diárias na percepção do cidadão

• Ano de defesa: 2011
• Autor(a) principal: Oliveira, Caroline Porto
• Orientador(a): Velloso, Marta Pimenta
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23776

O presente estudo se destina a investigar as percepções e práticas sobre lixo no cotidiano. Teve-se como ponto de partida e local de observação a Recicloteca, um Centro de Informações sobre Resíduos Sólidos e Meio Ambiente desenvolvido pela ONG Ecomarapendi e com sede no município do Rio de Janeiro. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 25 adultos que entraram em contato com a Recicloteca. A amostra é bastante diversa no que se refere à formação, profissão e locais de origem dos entrevistados (tendo como recorte a região metropolitana do Rio de Janeiro). Contudo, é bastante coesa no que se refere à afinidade com o tema meio ambiente e as questões relacionadas ao lixo, sendo composta por pessoas sensíveis à causa ambiental. O confronto entre as concepções pré-trabalho de campo e o conteúdo do estudo empírico proporcionou o desenvolvimento de quatro categorias para a apresentação dos resultados. São elas: 1-lixo e conseqüências; 2-lixo orgânico; 3- entendendo as causas e propondo novos caminhos e 4-lixo e práticas diárias. Concluise que o lixo, na quantidade produzida e da forma como é tratado atualmente, é visto como fonte de grande impacto ambiental, como contaminação atmosférica, do solo e dos corpos hídricos, aumento na probabilidade de enchentes, impacto na fauna através da ingestão do lixo, dentre outros. Também é notória a percepção acerca dos agravamentos no campo social, especialmente aqueles referentes à saúde pública. As questões sociais são abordadas com igual intensidade e, muitas vezes, de forma intrinsecamente associadas às ambientais. Com relação à composição do lixo, o plástico foi considerado o componente mais prejudicial, seguido pelo vidro, metais e papéis. Apesar de o resíduo orgânico ser considerado menos prejudicial, há de fato uma visão dúbia com relação a este material: ora visto com uma conotação negativa por conter patógenos e pelo odor, ora tido como inofensivo por ser de rápida decomposição. No que se refere às responsabilidades, observa-se que estas são atribuídas a diversos setores e atores sociais com diferentes graus e esferas de atuação, caracterizando uma necessidade de responsabilidade compartilhada. Como medidas cabíveis para o enfrentamento do problema a coleta seletiva e reciclagem ganham destaque, mas medidas de redução e reutilização também são citadas como relevantes e praticadas no dia-a-dia dos entrevistados. A necessidade de investimentos na área educacional é unânime e apresentada como imprescindível para a melhoria no sistema de gerenciamento de resíduos sólidos. Ao analisar o conteúdo das entrevistas observouse que o tema notadamente provoca neste segmento da população sentimentos de inquietação e expectativas, além de impulsionar a adoção de medidas e a busca por melhores condições no trato com o lixo. Como fruto do estudo desenvolvido recomenda-se: 1- o fortalecimento de sistemas integrados de gerenciamento de resíduos, de modo a contemplar os aspectos ambientais e sociais; 2 - um olhar criterioso para o trato com o resíduo orgânico, devendo este se tornar fruto de ações específicas; 3 – uma intervenção do Estado para o fortalecimento das ações de participação social, atreladas aos mecanismos de regulação, de modo que a população se reconheça nas ações empreendidas.