Estudo clinicopatológico da COVID-19 fatal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Barbosa, Gerdson Magno
Orientador(a): Xavier, Marcelo Antônio Pascoal
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto René Rachou
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55291
Resumo: INTRODUÇÃO: Desde o aparecimento da COVID-19, numerosos estudos observacionais buscam o melhor entendimento e predição da síndrome respiratória aguda grave e da grave resposta inflamatória sistêmica por meio da associação com comorbidades, variáveis hematológicas, inflamatórias, bioquímicas e da coagulação, além da cinética da carga viral. Entretanto, permanecem lacunas no estudo clinicopatológico da COVID-19 fatal. Por isso, este estudo tem como objetivo apresentar uma análise dos fatores clínicos-demográficos e laboratoriais junto às lesões histopatológicas. MÉTODOS: Trata-se de estudo unicêntrico, observacional e transversal de 50 casos de COVID-19 que evoluíram a óbito e foram submetidos a autópsia minimamente invasiva. Dados clínicos-demográficos, laboratoriais e radiológicos foram acessados em revisões dos prontuários clínicos. RESULTADOS: A idade média foi de 65 anos e as comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e obesidade. As principais alterações laboratoriais da admissão foram linfopenia, níveis aumentados de PCR, LDH, dímero-D, creatinina, ureia e razão PaO₂/Fi0₂ abaixo de 300 mmHg. As principais alterações laboratoriais observadas no dia do óbito foram leucocitose, neutrofilia, PCR elevada, insuficiência renal, razão PaO₂/Fi0₂ abaixo de 300 mmHg. A análise histopatológica mostrou acometimento inflamatório de múltiplos órgãos e os achados principais foram: dano alveolar difuso - DAD (64,4%), miocardite (36,2%), hepatite (71,4%) e nefrite intersticial (21,4%). O acometimento inflamatório de múltiplos órgãos mostrou correlação estatisticamente significativa com síndrome metabólica e DM (p 0,009 e p 0,005, respectivamente), 90% dos que apresentaram nefrite eram diabéticos (p 0,012); houve correlação entre miocardite e síndrome metabólica (p 0,001) e entre miocardite e obesidade (p 0,005). Entre os escores clínicos, o SOFA no quinto dia de internação apresentou associações com dano alveolar difuso – DAD - e resposta inflamatória em múltiplos órgãos - RIMO. Na análise discriminante, foram elaborados modelos preditivos com 71% e 72% de acurácia para DAD e RIMO, respectivamente. CONCLUSÃO: A presença de comorbidades e escores clínicos até o quinto dia de internação combinados com indicadores de lesão inflamatória podem ser mais sensíveis para predizer a COVID-19 fatal.