Impacto da resistência à penicilina na evolução clínica de pacientes com meningite pneumocócica em Salvador-BA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Boaventura, Edilane Gouveia Voss
Orientador(a): Reis, Mitermayer Galvão dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33958
Resumo: A meningite pneumocócica apresenta altas taxas de letalidade e morbidade mesmo diante de terapia adequada. Em adição, o aparecimento de S. pneumoniae resistente à penicilina tem gerado dificuldades para o tratamento dessa patologia. Entretanto, ainda é questionável qual 0 papel dos antibióticos na evolução clínica dessa patologia. Este trabalho, teve como objetivos, caracterizar a apresentação e evolução clínicas de pacientes com meningite pneumocócica, identificando fatores de risco para letalidade e avaliar o impacto da resistência à penicilina na sobrevida dos pacientes. METODOLOGIA - Entre dezembro/95 e novembro/02 foram identificados todos os pacientes com sinais e sintomas de meningite que apresentaram cultura de liquor positiva para S. pneumoniae, avaliados no hospital estadual de referência para doenças infecciosas em Salvador. Dados clínicos e epidemiológicos foram obtidos através de entrevista com familiar e revisão de prontuários. A susceptibilidade antímícrobíana foi determinada através da associação do Kirby Bauer com E-test e validados em relação a Microdiluição em Caldo. A definição de resistência utilizada foi baseada no NCCLS. A reação de Quelung foi utilizada para sorotipagem dos isolados. As análises estatísticas foram realizadas utilizando os programas Epi Info 6 e R. Na análise univaríada foi calculado o RR para avaliar assodação entre diversos fatores e letalidade. Análises de sobrevida foram realizadas utilizando o modelo de Cox. Durante o período do estudo foram identificados no HCMaia, 428 casos de meningite pneumocócica, dos quais 64% foram do sexo masculino. Pacientes com idade <2 anos representaram 46% (198/428) do total. A taxa de não- sensibilidade à penicilina foi de 15%, com apenas 1(0,2%) Isolado com alta resistência à penicilina. A associação do Kirby-Bauer com E-test apresentou sensibilidade de 88% e especificidade de 99,7%, quando comparados a microdiluição em caido. A letalidade foi de 39%, com 35% de seqüelas. Os sorotipos mais freqüentes foram 14(14%), 3(10%), 6B(8%). 19F(7,5%), 6A(7%), 23F(5,6%), 18C(5%). Os fatores de risco para letalidade encontrados na análise univariada foram idade <2 anos e >50anos; sexo feminino, coma na admissão; isolado com CiM >0,062 ^g/ml; isolados do sorotipo 14, 6B e 18C. A associação letalidade com CIM uma faixa abaixo do cut-of para resistência, permanece significante mesmo quando corrigida pelas possíveis variáveis de confundimento no modelo de Cox. A taxa de não-susceptibilidade encontrada foi de 15% para penicilina e 0,2% para Cefalosporinas. Com essa taxas de não-sensibilidade, a penicilina não pode mais ser considerada tratamento antimicrobiano empírico indicado para meningite pneumocócica, em Salvador, a droga de escolha atualmente seria Cefotaxime ou Ceftriaxone. Nossos dados validaram a utilização da associação do Kirby-Bauer com E-test em nosso meio. A associação de letalidade com CIM uma faixa abaixo da definição de resistência sugere uma re-avaliação do ponto de corte utilizado da determinação de resistência á penicilina para pacientes com meningite pneumocócica.