Impacto da vacina pneumocócica conjugada 10-valente (PCV10) na meningite pneumocócica na região metropolitana de Salvador, Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva Junior, Jailton de Azevedo
Orientador(a): Pedreira, Joice Neves Reis
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14244
Resumo: INTRODUÇÃO: Em 2010, a vacina conjugada 10-valente (PCV10) foi incorporada ao programa nacional de imunizações (PNI) brasileiro. Este imunobiológico confere imunização contra os dez principais tipos capsulares de Streptococcus pneumoniae, patógeno responsável por diversas manifestações clínicas e com elevada contribuição nas taxas de incidência e mortalidade por meningite, que é a condição clínica mais grave. OBJETIVO: O presente estudo teve como objetivo avaliar o impacto da PCV10 na epidemiologia da meningite pneumocócica na região metropolitana de Salvador (RMS) Bahia, comparando o período anterior (2008-2010) e posterior (2011-2013) a sua utilização, bem como realizar uma caracterização molecular minuciosa a partir de uma série histórica (1996-2012) entre os isolados resistentes a penicilina (PNSSP com CIM≥ 0,125 μg/mL) e para os sorotipos não-vacinais (2008-2012). MATERIAL E MÉTODOS: Foram incluídos todos casos de meningite pneumocócica confirmados laboratorialmente no período entre 1996 a 2013. Taxas de incidência para a Salvador e RMS foram calculadas com base nos dados populacionais do IBGE/2010. A determinação do tipo capsular foi realizada através da técnica de Multiplex-PCR e/ou reação de Quellung. A sensibilidade a nove antimicrobianos foi testada através das técnicas disco-difusão, microdiluição e E-test. Para caracterizar o perfil molecular foram aplicadas as técnicas de genotipagem de PFGE e MLST. RESULTADOS: Um total de 939 casos de meningite pneumocócica foram identificados no período de 1996- 2013, sendo que 70 casos ocorrem entre 2011 a 2013 (período pós-vacinal). A incidência de meningite pneumocócica em todas as faixas etárias na RMS reduziu de 0,70 casos/100.000 habitantes para 0,59 casos/100.000 habitantes considerando o período de três anos antes e após a vacinação com PCV10 [p< 0,05; RR IC 95%: 1,46 (1,03-2,05)]. Esta redução foi significativa na faixa etária de 0-2 anos e nos casos por sorotipos relacionados à PCV10. Não houve aumento significativo de casos por sorotipos não vacinais nesta casuística, apesar do surgimento de casos por sorotipos não-vacinais não detectados anteriormente na série histórica de MP (10F, 21, 22F, 15A e 24F). Os isolados resistentes à penicilina analisados na série histórica se restringiram a 13 sorotipos, entre os quais: 14 (45,1 %; 78/173), 23F (19,1%; 33/173), 6B (14,4 %; 25/173), 19F (9,2 %; 16/173) e 19A (5,2 %; 9/173). 94% dos casos nãosusceptíveis à penicilina (PNSSP) foram de sorotipos vacinais. Os grupos clonais caracterizados pelo PFGE/MLST predominantes ao longo dos anos foram representados pelo sorotipo 14, denominado grupo A/ST 66 [35,3 % (61/173)] e grupo GK/ST 156 [4.6 % (8/173)], este último associado com níveis elevados de resistência a penicilina e ceftriaxona. Não foram detectados grupos clonais emergentes associados a tipos capsulares não-vacinais. CONCLUSÕES: Estes achados sugerem que a introdução da PCV10 modificou a epidemiologia da meningite pneumocócica na população estudada.