Avaliação de fontes de poluição fecal e da susceptibilidade Microbiana ao cloro e antimicrobianos em águas destinadas ao abastecimento público no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Thaís dos
Orientador(a): Clementino, Maysa Beatriz Mandetta
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/35609
Resumo: A contaminação de corpos hídricos por material fecal é uma das principais causas de doenças entéricas no mundo, além disso, bactérias tolerantes ao cloro são motivo de grande preocupação devido a sua relação com multirresistência aos antibióticos. A bacia hidrográfica do rio Guandu, localizada no estado do Rio de Janeiro, possui como destino a Estação de Tratamento de Águas (ETA) do Guandu, que abastece cerca de 85% da população da região metropolitana do Rio de Janeiro. No entanto, as águas dos afluentes dessa bacia vêm sendo poluídas por resíduos industriais, esgoto doméstico, entre outros. Atualmente os coliformes totais e termotolerantes são utilizados no monitoramento da qualidade microbiológica da água, porém estes indicadores não permitem a identificação do organismo-fonte da contaminação, o que vem levantando questionamentos sobre sua eficiência. Organismos dos domínios Archaea e Bacteria vêm sendo apontados como bioindicadores alternativos ao grupo coliforme, uma vez que possuem a capacidade de indicar a fonte da contaminação fecal. O tratamento da água destinada ao consumo humano é necessário para torná-la potável, ou seja, para eliminar as impurezas prejudiciais e nocivas à saúde. Desta forma, no Rio de Janeiro, os afluentes chegam à ETA Guandu poluídos e turvos e passam por diversas etapas tais como: coagulação química, floculação, decantação, filtração, clarificação, desinfecção por cloro e fluoretação. Bactérias tolerantes ao cloro e resistentes aos antibióticos vêm sendo descritas como agentes etiológicos de vários processos infecciosos. No presente estudo foi realizada a quantificação da contaminação fecal hospedeiro-específico e avaliação da tolerância ao cloro e resistência aos antimicrobianos em águas destinadas ao abastecimento público, da bacia do rio guandu. Para isso, foram realizadas a determinação das concentrações de coliformes totais/E. coli, bem como, a quantificação dos biomarcadores em nove pontos dessa bacia. Isolados bacterianos dos afluentes identificados pelo sequenciamento do gene rrs do 16S rRNA foram analisados em relação a susceptibilidade aos antimicrobianos e a determinação da concentração bactericida mínima de cloro. As concentrações de contaminação fecal variaram entre os biomarcadores, sendo humana (8,59x102 e 1,92x108), equina (5,21x104 e 3,67x109), bovina (8,26x107 e 3,33x1012) e suína (4,52x104 e 4,83x1012 cópias/µL), mesmo em amostras satisfatórias pela metodologia oficial, demonstrando a limitação da mesma na avaliação da qualidade microbiológica das águas. Os isolados de Pseudomonas spp. apresentaram resistência ao meropenem e aztreonam e os Ochrobactrum spp. foram resistentes a beta-lactâmicos (cefalosporinas), fluoroquinolonas e aminoglicosídeo. Oitenta e dois por cento dos isolados foram tolerantes ao cloro (2,5mg/L). Nossos resultados revelam que mesmo após o tratamento na ETA, bactérias tolerantes ao cloro podem permanecer na água potável e com isso aumentar a concentração de micro-organismos e genes de resistência, provocando riscos à saúde humana. Estes dados nos levam a concluir que questões relacionadas ao tratamento e a qualidade de águas destinadas ao abastecimento público, ainda necessitam de muito investimento no desenvolvimento de metodologias mais sensíveis e acuradas com a finalidade de proporcionar um monitoramento mais eficaz quanto a qualidade das águas.