Sintomas de estresse pós-traumático em militares brasileiros em missão de paz no Haiti

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Souza, Wanderson Fernandes de
Orientador(a): Coutinho, Evandro da Silva Freire
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5335
Resumo: A exposição a situações de estresse agudo e as situações de risco de vida experimentadas diretamente ou presenciadas faz parte das atividades envolvidas em missões de paz. Entretanto, as conseqüências sobre a saúde mental de militares decorrentes da exposição a diferentes estressores ainda são pouco conhecidas. Problemas mentais são resultados previsíveis em situações de guerra e ao que tudo indica, não são incomuns no trabalho de força de paz. Devido à natureza das atividades envolvidas no serviço de tropas militares de paz, este grupo se apresenta como um grupo de risco para o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O objetivo deste trabalho foi o de fazer uma revisão do que existe na literatura acerca da prevalência de TEPT nesta população e, a partir de uma coorte de 138 militares brasileiros em missão de paz no Haiti, tentar identificar possíveis fatores de risco para o desenvolvimento destes sintomas, através de escalas auto-aplicáveis. Apesar de a literatura internacional apresentar uma prevalência de TEPT atual variando entre 2% e 11%, na nossa amostra de militares brasileiros, a prevalência de TEPT foi de apenas 1,4%. Esta diferença nas estimativas talvez seja explicada tanto pela natureza das diferentes missões como também pelo fato de que os estudos utilizam diferentes instrumentos para o rastreamento do diagnóstico de TEPT. Utilizando um desenho de pesquisa longitudinal foi possível identificar que tanto o número de situações estressante vividas durante o serviço no Haiti quanto um traço de personalidade conhecido como afeto negativo, ambos se mostraram como fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas de estresse pós-traumático. Tendo sido encontrada inclusive uma interação entre estas duas características, o que sugere que a presença de altos escores de afeto negativo antes da missão é capaz de promover um aumento nos sintomas de TEPT entre aqueles que são expostos a situações de estresse. A identificação de fatores de risco é fundamental para o desenvolvimento de programas de prevenção e intervenção nesta população. Apenas conhecendo melhor estes fatores e o desenvolvimento destes sintomas seremos capazes de proteger tais indivíduos dos efeitos deletérios das atividades de missão de paz.