Leishmanioses no município de Várzea da Palma, Minas Gerais, Brasil: Estudo dos flebotomíneos e da leishmaniose canina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Sanguinette, Cristiani de Castilho
Orientador(a): Gontijo, Célia Maria Ferreira, Andrade Filho, José Dilermando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34540
Resumo: A importância das leishmanioses reside na alta incidência, ampla distribuição geográfica, possibilidade de assumir formas graves, com altas taxas de mortalidade nos casos não tratados de leishmaniose visceral (LV) e alta morbidade nos casos de leishmaniose tegumentar (LT). A principal forma de transmissão do parasito ocorre pela picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas e o cão é considerado o principal reservatório doméstico. O objetivo deste trabalho foi estudar aspectos epidemiológicos das leishmanioses relacionados à infecção canina e aos flebotomíneos no município de Várzea da Palma, MG. Foram realizadas coletas sistematizadas mensais para captura de flebotomíneos durante um ano, utilizando armadilhas luminosas HP e não sistematizadas, com capturas manuais utilizando capturador de Castro. As fêmeas coletadas foram identificadas e submetidas à verificação de infecção natural pela dissecção e detecção de DNA do parasito (LnPCR) em amostras específicas contendo até 20 fêmeas cada. A densidade total de flebotomíneos foi correlacionada com dados climatológicos. No estudo da infecção canina foi verificada a soroprevalência utilizando as técnicas sorológicas RIFI e ELISA. Ainda como método diagnóstico amostras clínicas de medula óssea, pele (de 41 cães sorologicamente positivos) e sangue periférico (207 cães) foram utilizadas na técnica da LnPCR. O isolamento e caracterização do parasito foram realizados utilizando amostras positivas da cultura de aspirado de medula óssea e amostras clínicas positivas dos 41 cães reativos na sorologia. Foram coletados 18.154 machos e 7.180 fêmeas de flebotomíneos, pertencentes a quinze espécies, sendo a mais prevalente Nyssomyia intermedia (52%) seguida por Lutzomyia longipalpis (41%), importantes vetoras de LT e LV respectivamente. Neste estudo foram identificados seis tipos de anomalias unilaterais e duas bilaterais, todas no parâmero de machos de Lu. longipalpis. Foi observada correlação estatisticamente significativa entre densidade total de flebotomíneos e a temperatura média durante o período de estudo. Nenhuma forma flagelada foi encontrada pela técnica da dissecção. Foi detectada a infecção natural nas seguintes espécies: Evandromyia evandroi (10,0%), Evandromyia lenti (5,0%), Evandromyia sallesi (2,8%), Evandromyia termitophila (16,7%), Lu. longipalpis (2,14%), Ny. intermedia (1,0%) todas infectadas com Leishmania chagasi. Ev. lenti e Lu. longipalpis apresentaram a taxa de infecção para Leishmania braziliensis de 5,0% e 0,6% respectivamente e Nyssomyia neivai, Psathyromyia shannoni e Micropygomyia quinquefer mostraram positividade para Leishmania sp. A soroprevalência canina foi de 24,6% sendo a maioria dos cães de raça indefinida e idade variando entre dois e cinco anos. Os testes sorológicos mostram-se mais eficazes em detectar os animais sintomáticos. Quanto às amostras clínicas, o sangue foi o menos eficiente em detectar a infecção no grupo dos 41 cães com sorologia positiva. A amostra de medula óssea foi a mais eficaz na detecção de animais positivos independentemente da sintomatologia e também foi capaz de identificar dentre o grupo de cães assintomáticos o maior número de animais positivos em relação as demais amostras biológicas utilizadas na LnPCR. Diante do encontro de cães infectados exclusivamente por Le. chagasi vivendo em áreas onde foram registrados casos humanos de LV e flebotomíneos infectados por este parasito fica demonstrado um ciclo ativo da Le. chagasi por todo o território urbano do município de Várzea da Palma, devendo as autoridades responsáveis manter uma constante realização de inquéritos caninos e vigilância entomológica para um melhor direcionamento e eficácia das medidas de controle.