Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Bernardes, Gabriella Marques |
Orientador(a): |
Bof, Fabiola de Andrade |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49290
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: A ocorrência de multimorbidade, definida como a presença de duas ou mais condições crônicas de saúde no mesmo indivíduo, vem crescendo em diversos contextos sanitários, estando intimamente relacionada ao processo de envelhecimento da população em todo o mundo. Apesar da elevada prevalência e dos impactos negativos sobre os indicadores de morbimortalidade, existem poucas evidências sobre o assunto no Brasil, especialmente quando se trata da relação entre a multimorbidade, a mortalidade, os gastos em saúde e os fatores socioeconômicos na população idosa. OBJETIVOS: Avaliar a relação entre o gasto catastrófico em saúde (GCS) e a multimorbidade em amostra nacional representativa da população brasileira com 50 anos ou mais; investigar o efeito da multimorbidade na mortalidade de idosos e verificar o efeito moderador da escolaridade nesta relação. MÉTODOS: A presente tese é composta por dois artigos cujos métodos são distintos. O primeiro estudo seguiu um delineamento transversal, no qual foram utilizados dados de 8.347 indivíduos participantes da linha de base do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-BRASIL), coletados por meio de entrevistas domiciliares, entre os anos de 2015 e 2016. Para este primeiro estudo, a variável dependente foi o gasto catastrófico em saúde (GCS), definido como o desembolso direto com saúde realizado pelo adulto mais velho, cujo valor atingisse uma proporção igual ou maior à 10% ou 25% da renda domiciliar. A principal variável independente foi a multimorbidade, definida como a presença de duas ou mais condições crônicas de saúde no mesmo indivíduo, de uma lista composta por 17 condições. Um escore de riqueza foi construído para avaliar a desigualdade na associação entre o GCS e a multimorbidade. A associação entre a multimorbidade e os gastos catastróficos foi avaliada por meio de regressão logística múltipla, com a estimação dos “Odds Ratio” (OR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. O segundo estudo seguiu o delineamento de coorte e utilizou dados de 1.720 indivíduos participantes do Estudo de Coorte Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE) entre os anos de 2006 e 2015. A variável dependente foi a mortalidade, mensurada como o tempo até o óbito. As variáveis independentes de interesse foram: a multimorbidade e a escolaridade. As associações foram estimadas utilizando o modelo de riscos proporcionais de Cox, com a estimação dos “Hazard Ratio” (HR) e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. RESULTADOS: No primeiro estudo (ELSI-BRASIL), a prevalência de GCS foi de 17,9% e 7,5% para gastos correspondentes a 10% e 25% da renda domiciliar, respectivamente. A prevalência de multimorbidade foi de 63,2%. A multimorbidade apresentou associações positivas e independentes com GCS (OR= 1,95; IC 95%= 1,67 – 2,28 e OR= 1,40; IC 95%= 1,11 – 1,76 para gastos correspondentes a 10% e 25%, respectivamente), sendo que os gastos catastróficos associados à multimorbidade foram maiores entre aqueles indivíduos com menor escore de riqueza. No segundo estudo (SABE), a média de seguimento foi de 5,3 anos, com um total de 570 óbitos no período. A multimorbidade apresentou associação positiva e independente com a mortalidade (HR = 1,36; IC 95% = 1,10 - 1,69) e diferenças no risco de morte foram encontradas entre idosos com multimorbidade e sem multimorbidade ao longo da escolaridade (HR = 1,07; IC 95% = 1,00 - 1,13). CONCLUSÕES: Os resultados desta tese mostram que a multimorbidade está associada aos gastos catastróficos em saúde e a mortalidade de idosos, sendo este risco de morte moderado pela escolaridade. Considerando o crescente e rápido envelhecimento populacional no Brasil, os resultados chamam atenção para a necessidade de um manejo integral da multimorbidade nos serviços de saúde, objetivando não somente a prevenção da sua ocorrência, mas também o adequado tratamento e a qualidade do cuidado à longo prazo. Ademais, os resultados aqui apresentados reforçam a importância de se reconhecer a determinação social na abordagem da multimorbidade entre adultos mais velhos nos diversos contextos sanitários. |