Estudo observacional retrospectivo do perfil epidemiológico e clínico dos menores de 15 anos acometidos por hanseníase diagnosticados em Serviço de Referência no Rio de Janeiro no período de 1987 a 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Judice, Carolina de Andrade Stallone
Orientador(a): Sarno, Euzenir Nunes, Duppre, Nádia Cristina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49258
Resumo: A hanseníase é uma doença crônica transmissível causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que acomete sobretudo a pele e os nervos periféricos, podendo provocar perda das funções sensitiva e motora, usualmente evoluindo com deformidades e estigma. Apesar de estratégias mundiais e nacionais visando a eliminação da doença, a mesma persiste como relevante problema de saúde pública em diversos países, incluindo o Brasil, que apresenta elevado número absoluto de casos da doença e indicadores de transmissão ativa, traduzidos pelas taxas de detecção em menores de 15 anos. As crianças representam um grupo vulnerável à infecção, principalmente pela maior exposição a indivíduos doentes dentro da família, especialmente quando estes apresentam a classificação operacional multibacilar (MB) da hanseníase. O diagnóstico precoce seguido de tratamento dos casos é de grande importância, tanto para a redução da carga da hanseníase, quanto para a prevenção de incapacidades físicas nos pacientes. Nesse sentido, o exame de contatos é apontado como relevante ferramenta estratégica. Pretendendo avaliar o perfil epidemiológico, a evolução clínica e a magnitude da associação entre a classificação operacional para fins de tratamento e o modo de detecção em crianças diagnosticadas com hanseníase em um serviço de referência no Rio de Janeiro, foi realizado um estudo retrospectivo com dados de 335 pacientes menores de 15 anos diagnosticados com hanseníase e registrados no Ambulatório Souza Araújo, Laboratório de Hanseníase\2013 IOC \2013 FIOCRUZRJ, no período de janeiro de 1987 a dezembro de 2018. Como limitações podemos mencionar dificuldades no levantamento e no recrutamento de todos os contatos, tratar-se estudo retrospectivo e o fato de ser realizado em um serviço de referência. Foram realizadas análises univariadas e bivariadas para verificar as distribuições dos pacientes com relação a todas as variáveis do estudo, e o modelo de regressão logística foi aplicado, considerando como variável dependente a classificação operacional MB, para avaliar a associação entre esta classificação e o modo de detecção (encaminhamento ou exame de contato) nos pacientes estudados. Para esta análise foram incluídos os pacientes diagnosticados através de encaminhamentos e apenas os casos coprevalentes do grupo diagnosticado através do exame de contato. As crianças detectadas através de encaminhamentos apresentaram chance duas vezes maior [OR 2,00 (IC95% 1,02 \2013 3,92)] de serem diagnosticadas com a hanseníase MB, quando comparadas àquelas detectadas através do exame de contato. Nos pacientes do sexo masculino foi observada chance 2,16 vezes maior (IC95% 1,13 \2013 4,14) de apresentarem a classificação operacional MB quando comparados aos do sexo feminino. Nos pacientes com idade entre 10 e 14 anos, a chance para apresentarem hanseníase MB foi 3,57 vezes maior (IC95% 1,84 \2013 6,90) em relação àqueles com idade entre 0 a 9 anos. A presença cicatriz de BCG, indicando imunização recebida após o nascimento, apresentou redução de chance de apresentarem classificação operacional MB [OR 0,45 (IC95% 0,24 \2013 0,84)]. Esses dados confirmam a importância da realização do exame dos contatos de casos novos registrados para tratamento poliquimioterápico como estratégia para o diagnóstico precoce da doença, principalmente em menores de 15 anos.