Polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias associados ao Acidente Vascular Cerebral na anemia falciforme

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fiuza, Luciana Magalhães
Orientador(a): Gonçalves, Marilda de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/50390
Resumo: INTRODUÇÃO: Pacientes com anemia falciforme (AF) apresentam variabilidade fenotípica elevada, podendo apresentar diversas manifestações clínicas, incluindo o Acidente Vascular Cerebral (AVC). No contexto da AF, o comprometimento das artérias cerebrais está primordialmente associado à inflamação crônica, hemólise e a anemia. OBJETIVO: Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi identificar a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias buscando associar a frequência de tais mutações ao desenvolvimento do AVC em crianças com AF. METODOLOGIA: Para isto, foram investigados 66 indivíduos, 24 indivíduos que tiveram AVC, formando o grupo caso, e 42 indivíduos que nunca tiveram AVC, compondo o grupo controle. Foram analisados os parâmetros hematológicos, bioquímicos e o perfil inflamatório, bem como foi analisada a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias, tais como TNF -308 G>A (rs1800629), IL1B +3954 C>T (rs1143634), IL4 -590 C>T (rs2243250) e IFNG +874 T>A (rs2430561). Os marcadores hematológicos, bioquímicos e imunológicos foram investigados através de métodos automatizados e os marcadores genéticos foram identificados pelas técnicas de reação em cadeia da polimerase e Restriction Fragment Length Polymorphism. RESULTADOS: Analisando os parâmetros laboratoriais, foi encontrado uma elevada contagem de reticulócitos em indivíduos pertencentes ao grupo caso (p=0,0101). Avaliando os dados laboratoriais, encontramos uma associação entre a dosagem de albumina (p=0,0006), proteínas totais (p=0,0087) e ácido úrico (p=0,0395). Foi encontrada uma associação da presença do polimorfismo -308 G>A no gene do TNF, onde o alelo A foi associado à ocorrência do AVC (p=0,430). Uma análise multivariada mostrou uma associação entre a presença do polimorfismo -308 G>A no gene do TNF e a ocorrência do AVC (p= 0,016). A frequência de indivíduos mutante para o polimorfismo do gene do IFNG esteve elevada nos grupos caso e controle. Faram descritas diferentes associações significativas entre a presença do polimorfismo -590 C>T no gene da IL4 e alguns parâmetros laboratoriais, como contagem de linfócitos (/mL) (p=0,0152), plaquetas (x10³/mL) (p=0,0203), proteínas totais (%)(0,0227) e bilirrubina direta (mg/dL) (p=0,0054). Analisando os parâmetros laboratoriais no grupo de indivíduos com AVC, foi identificada a associação significativa entre a presença do alelo T no polimorfismo -509 C>T do gene da IL4 e alguns parâmetros laboratoriais, como VCM (fL) (p=0,0105), HCM (rg) (0,0421), RDW (%) (p= 0,0105), LDL (mg/dL) (p= 0,0351), AST (uL) (p= 0,0292) e bilirrubina total (mg/dL) (p= 0,0468). Além disso, foi encontrada associação entre a dosagem de citocinas pró inflamatórias, como IL-12 (p= 0,0095), IL1-\03B2 (p= 0, 0300) e IL-8 (p= 0,0167) em indivíduos com o alelo mutante do polimorfismo -509 C>T no gene da IL4. Nenhuma associação estatística foi encontrada entre os parâmetros avaliados a presença dos polimorfismos nos genes da IL1B e IFNG. CONCLUSÃO: Pode-se concluir que pacientes com AF com histórico prévio de AVC apresentam alterações nos parâmetros laboratoriais e apresentam uma maior frequência do alelo A do polimorfismo do- -308 G>A no gene do TNF. Além disso, pode-se observar que o polimorfismo -590 C>T no gene da IL4 esteve associado a alterações em marcadores laboratoriais, alterando o nível de expressão de citocinas inflamatórias. Esses resultados evidenciam a necessidade de se investigar possíveis interferências genéticas, afim de se estabelecer os efeitos de tais variáveis no desfecho do AVC em pacientes com AF.