Mortalidade por neoplasias do trato genital inferior em Manaus: estudo de correlação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Campos, Zélia Maria
Orientador(a): Koifman, Sérgio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5256
Resumo: Introdução: O câncer do colo uterino tem sido alvo de políticas nacionais de saúde. Os investimentos na prevenção e detecção precoce da doença são feitos a fim de obter uma diminuição importante das taxas de mortalidade, apesar de obstáculos relacionados a fatores culturais e ao acesso aos serviços de saúde. Em Manaus, o câncer de colo uterino apresenta taxas de incidência elevadas, sendo a principal causa de óbitos por neoplasia em mulheres. Estudos epidemiológicos têm descrito a existência de correlações entre as taxas de mortalidade por diferentes neoplasias do trato genital inferior. Apesar da alta incidência dos tumores de colo de útero e de pênis na Região Norte, são poucos os estudos, no Brasil, que analisam essas relações. Objetivo: Analisar o padrão de mortalidade por neoplasias do trato genital inferior em Manaus, no período 1982-2001, e avaliar a presença de correlações entre as taxas de mortalidade por esses tumores. Metodologia: Foram selecionados, no Sistema de Informações sobre Mortalidade da SES do Amazonas, os óbitos pelas neoplasias de interesse de residentes em Manaus, ocorridos entre 1982 e 2001 (códigos 179, 180, 182, 184 e 187 na CID-9, 1982 a 1995; C51 a C55 e C60 na CID-10, 1996 a 2000). Selecionou-se, ainda, os óbitos cuja causa básica correspondia a tumores de reto, ânus, em ambos os sexos, para o período 1997-2001. Os dados demográficos foram obtidos no IBGE. Para cada localização, foram calculadas taxas de mortalidade padronizadas por idade e taxas específicas por faixa etária, em períodos de 5 anos, visando minimizar variações temporais. Utilizou-se a tipificação de Manaus em áreas (área central e periferias imediatas, intermediária e distante), com subdivisão de cada área de periferia em A e B, com base na infra-estrutura urbana e renda. Calculou-se taxas médias brutas de mortalidade por áreas, para as neoplasias de interesse. Testou-se a significância estatística das diferenças observadas através do teste de Wilcoxon. A presença de correlações entre as taxas de mortalidade foi verificada através do coeficiente de correlação de Pearson. Resultados: As taxas de mortalidade por tumores de útero (colo, corpo e porção não especificada) se mostraram estáveis, com valores em torno de 26/100.000. Em 1997-2001, evidenciou-se aumento das taxas de mortalidade por câncer de colo de útero (19,4/100.000) e diminuição das taxas para porção não especificada. Observou-se taxas menores e relativamente estáveis para corpo do útero (0,9 e 0,6/100.000). As taxas de câncer de vagina/vulva variaram entre 1,1 e 0,3/100.000. Ocorreu um declínio das taxas de mortalidade por câncer de pênis, que variaram entre 1,36 e 0,3/100.000. Observou-se uma forte correlação positiva (r= 0,86), estatisticamente significativa, entre as taxas de mortalidade por câncer de reto/ânus do sexo feminino e de útero, o mesmo acontecendo com as taxas de colo uterino (r= 0,82). Verificou-se uma correlação positiva (r= 0,81), com significância estatística, entre as taxas de mortalidade por tumores de vagina/vulva e de ânus do sexo masculino. As correlações observadas entre as taxas de mortalidade por câncer de útero e pênis, assim como entre as de câncer do colo uterino e pênis, foram moderadas (r= 0,48 e 0,30) e sem significância estatística. Conclusões: As altas taxas de mortalidade por câncer de colo de útero constituem-se em um importante problema de saúde pública, apontando falhas nos programas de detecção e controle da neoplasia. O aumento das taxas desta localização e a diminuição daquelas para porção não especificada, em 1997-2001, poderiam ter sido ocasionados pela maior detecção de casos com diagnóstico específico, dada a maior abrangência destes programas, em Manaus, no final da década de 90. São necessários estudos que identifiquem fatores impeditivos do acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico precoce, e trabalhos que analisem possíveis relações do câncer de colo de útero com outros tumores do trato genital inferior. As correlações observadas entre as taxas de mortalidade por câncer de útero e de reto/ânus nas mulheres poderiam ser atribuídas a fatores de risco em comum para essas neoplasias. Observou-se, à semelhança de outros estudos, correlação entre as taxas de mortalidade por câncer de colo de útero e pênis, que poderia ser explicada pelo envolvimento do HPV na etiologia desses tumores.