Baixa taxa de progressão para cardiopatia chagásica crônica em uma coorte urbana com doença de Chagas sem cardiopatia aparente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Hasslocher-Moreno, Alejandro Marcel
Orientador(a): Silva, Marcus Tulius Teixeira da, Sousa, Andréa Silvestre de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56170
Resumo: Fundamentos: Estima-se em 8 milhões o número de indivíduos com doença de Chagas, cuja forma clínica predominante é a forma indeterminada, presente em 50 a 70% dos casos. A taxa de progressão para cardiopatia, condição clínica de pior prognóstico, não é conhecida em séries/coortes urbanas não selecionadas por sintomas. Objetivo: Estimar a taxa de progressão para cardiopatia chagásica crônica em pacientes com doença de Chagas sem cardiopatia aparente / forma indeterminada. Pacientes e métodos: Estudo longitudinal de coorte histórica, constituída por pacientes com doença de Chagas, submetidos a protocolo de avaliação clínica, eletrocardiográfica e ecocardiográfica. A estimativa de taxa de progressão para cardiopatia chagásica foi analisada, tendo como desfecho de interesse o surgimento de alterações eletrocardiográficas típicas da doença de Chagas. Resultados: Foram estudados 550 pacientes. A média de idade dos pacientes progressores no início do seguimento foi de 47,8±12,2 anos, com 48,9% do sexo masculino. Após uma mediana de seguimento 54 meses (25-75% 29,9-91,6) foram observados 37 casos de progressão eletrocardiográfica, resultando em incidência-cumulativa de 6,7% e incidência-densidade de 1,48 por 100/pacientes-ano. Em 10 anos de estudo permaneciam 430 pacientes em seguimento (78%). Na análise univariada, houve diferença entre progressores e não-progressores em relação a: presença de outras cardiopatias (p<0,0001); idade (p= 0,05); tempo de afastamento de área endêmica ≥ 20 anos (p= 0,002); xenodiagnóstico positivo (p= 0,007) e naturalidade de BA e MG (p= 0,018). Não houve diferença quando considerados sexo, comorbidades, uso de benzonidazol e ecocardiograma alterado no início do seguimento. Cardiopatia prévia não chagásica permaneceu como única variável associada de forma independente à progressão na regressão multivariada de Cox (p= 0,002). Ocorreu um óbito associado à cardiopatia isquêmica e um caso de insuficiência cardíaca por taquicardiomiopatia associada à fibrilação atrial em idoso. Não houve progressão clínica associada à doença de Chagas entre indivíduos inicialmente na forma indeterminada. Conclusão: A taxa de progressão para cardiopatia foi baixa e inferior a estudos prévios conduzidos em áreas endêmicas, porém similar aos estudos de áreas urbanas. A presença de outras cardiopatias é um fator de risco independente para progressão. Pacientes que progrediram o eletrocardiograma não apresentaram evolução clínica associada à doença de Chagas. Concluímos que a forma indeterminada da doença de Chagas é uma condição clínica benigna, tendo excelente prognóstico, semelhante a população geral que não possui a doença