Loucos de rua: uma revisão de escopo sobre pessoas em situação de rua com transtornos mentais graves

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Braga, Juliana Lugarinho
Orientador(a): Silva, Paulo Roberto Fagundes da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55370
Resumo: O fenômeno da situação de rua é algo crescente no Brasil e acompanha o movimento de aumento da pobreza e da miséria decorrentes da situação de crise econômica na qual o país se encontra nos últimos anos. Dentre as pessoas que vivem em situação de rua, estão aquelas ainda mais vulneráveis e que além do estigma da pobreza, enfrentam o estigma da loucura: os loucos de rua. Pessoas em situação de rua que possuem algum tipo de transtorno mental grave. O objetivo deste trabalho é, através da realização de uma revisão de escopo da literatura nacional e internacional, conhecer quem são os loucos de rua e suas necessidades, assim como identificar como essas necessidades têm sido atendidas, que políticas e projetos voltados para essa parcela da população em situação de rua estão sendo realizados. Há no senso comum a disseminação de falas infames sobre essas pessoas, que as colocam como loucas, drogadas, criminosas, e que, ao culpabilizar o sujeito pela situação de rua, despolitiza este fenômeno e tiram crédito de fatores estruturantes relacionados a essa população, tais como a pobreza, a quebra ou ausência de vínculos sociais e a falta de habitação financeiramente acessível, estável e segura. Estigmatizar pessoas em situação de rua como loucas coloca à cargo da medicina psiquiátrica a resposta para um fenômeno complexo, que não se encerra em um diagnóstico. Acrescentar a isso a alcunha de drogados, estende ainda mais a discriminação e a criminalização dessas pessoas e perpetua discursos e ações higienistas voltadas para os loucos de rua. Os resultados encontrados na revisão de escopo apontam foco extenso em estratégias de oferta de habitação para pessoas em situação de rua com transtorno mental grave e uma falha na integralidade da análise de outros aspectos relacionados ao fenômeno, tais como questões de gênero e relações com outros dispositivos e políticas que possam responder a suas demandas. Tais lacunas na produção de conhecimento e de ações e políticas voltadas para pessoas em situação de rua com transtorno mental grave indicam a necessidade de se conhecer essas pessoas para que se possa propor estratégias de cuidado efetivas e eficazes.