Síndrome pulmonar por hantavírus no estado de Goiás e Distrito Federal : situação epidemiológica e soroprevalência em uma população de cortadores de cana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Maia, Renata Malachini
Orientador(a): Santos, Renata Carvalho de Oliveira Pires dos, Lemos, Elba Regina Sampaio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49200
Resumo: A hantavirose é uma zoonose cosmopolita associada a roedores silvestres e a transmissão ocorre geralmente a partir da inalação de partículas virais oriundas de secreções ou excretas de roedores infectados. Os hantavírus, família Hantaviridae e gênero Orthohantavirus, são os agentes etiológicos das hantaviroses, a febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR) restrita à Ásia e à Europa e a síndrome pulmonar por hantavírus (SPH), também reconhecida como síndrome cardiopulmonar por hantavírus (SCPH), descrita nas Américas, incluindo o Brasil, onde a letalidade em média é de 46%. Diversas atividades de risco para infecção por hantavírus têm sido descritas e, no Brasil, os cortadores de cana-de-açúcar compõem um grupo de trabalhadores rurais que, constantemente expostos a roedores silvestres, podem adquirir a hantavirose. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento da situação epidemiológica da hantavirose, em Goiás, um estado que possui áreas consideradas endêmicas para a doença, e realizar um inquérito sorológico em uma população de cortadores de cana-de\2013açúcar. Para o levantamento epidemiológico foi realizada a consulta online dos dados no site do SINAN durante o período de 2007 a 2017. Quanto ao inquérito sorológico foi desenvolvido um estudo epidemiológico descritivo analítico de corte transversal em uma população de 634 cortadores de cana do estado de Goiás, utilizando a técnica ELISA para detecção de anticorpos da classe IgG anti-hantavirus. Com a análise do SINAN foi possível verificar que durante o período de estudo, o estado de Goiás e o Distrito Federal apresentaram, respectivamente, uma média de 8 e 5 casos por ano. As cidades mais acometidas foram Goiânia, Anápolis e Jataí. A maioria dos casos era constituída por homens, adultos jovens, raça parda, com escolaridade entre ensino fundamental incompleto a médio completo e residente em áreas urbanas. A infecção ocorreu predominantemente dentro do domicílio ou no trabalho e a taxa de letalidade foi de 47% e 49% no estado de Goiás e no Distrito Federal, respectivamente. Em relação ao inquérito, todos os trabalhadores eram do sexo masculino, majoritariamente adultos jovens, com média de 35 anos, de baixa escolaridade e naturais da região Nordeste do país. A análise das amostras de soro testadas na titulação 1:400 e posteriormente diluídas 1:400 \20131:6.400 mostrou uma soroprevalência de 6,9% (44/634). Dentre as variáveis utilizadas, o destino do lixo foi a única estatisticamente significativa (p = 0.03) para a infecção, (p < 0,05; OR 2,39; IC 95% 1,10 \2013 5,23). Curiosamente, embora 79% dos indivíduos sororreativos possuíssem coleta de lixo no domicílio, a proporção de reagentes no grupo sem coleta foi maior se comparada ao grupo com coleta (13,6%/ 6,2%), indicando, assim, uma alta soroprevalência neste grupo em comparação com os que possuíam coleta. Os resultados obtidos sugerem a ocorrência de infecção por hantavírus subclínica e que medidas de vigilância precisam ser mantidas no estado de Goiás, especialmente em relação às populações consideradas vulneráveis como os de cortadores de cana-de-açúcar.