Reabilitação física e recuperação da saúde no contexto dos desastres naturais: estudo de caso em Nova Friburgo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Carvalho, Mauren Lopes de
Orientador(a): Miranda, Elaine, Freitas, Carlos Machado de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24104
Resumo: No dia 11/01/2011, chuvas fortes provocaram alagamentos e deslizamentos de terra na região Serrana do Rio de Janeiro, levando cerca de mil pessoas a óbito, maior desastre natural registrado no Brasil até então. Desastres como este, cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas, também podem provocar deficiências e gerar incapacidades físicas aos sobreviventes. O objetivo deste trabalho foi investigar o processo de reabilitação física nas situações de desastres naturais. Para isso, foi realizado um estudo de caso de caráter misto em um dos municípios mais atingidos, Nova Friburgo. Dados secundários foram utilizados tanto para caracterizar as condições de vida da população, quanto para investigar possíveis relações entre indicadores epidemiológicos de morbidade e mortalidade com o desastre. Considerando o provável aumento de lesões traumáticas em razão do desastre, dados primários relativos aos tipos de queixas no serviço de emergência municipal na semana anterior e posterior ao desastre foram também coletados. As necessidades de reabilitação e a capacidade de resposta no período de recuperação foram exploradas por meio de entrevistas semiestruturadas com 12 vítimas, 17 profissionais de saúde e o gestor responsável pelos serviços públicos de reabilitação no município. Foram realizadas medidas de frequência simples nos dados quantitativos e as entrevistas passaram por análise de conteúdo. O município possui alto Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e apresenta diferentes indicadores de condições de vida melhores que a média para o estado e municípios vizinhos. A proporção de queixas traumáticas no serviço municipal de emergência triplicou na semana posterior ao desastre, mas não houve aumento da demanda por serviços de reabilitação. Entre as vítimas entrevistadas os caminhos para a reabilitação foram diversos. Apenas uma recebeu atendimento completo de fisioterapia pelo SUS. As demais contrataram plano de saúde ou aceitaram serviços solidários. Uma pagou por desembolso direto, uma se deslocava para atendimento no Rio de Janeiro e uma ficou sem atendimento. Foram apontados desconhecimento do serviço de reabilitação, falta de confiança no serviço público, necessidades concorrentes e deficiência do acolhimento das queixas nos serviços. Considerou-se que a demanda por reabilitação foi reprimida. Por fim, foram apontadas recomendações para o setor de reabilitação após desastres: enfatizar o atendimento humanizado; realizar busca ativa de vítimas com necessidades de reabilitação e reorganizar a assistência de reabilitação, revendo a agenda de prioridades e encaminhando os casos de baixa complexidade para os serviços de atenção básica.