Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Teixeira, Eliane dos Santos |
Orientador(a): |
Sá, Marilene de Castilho |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55333
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Resumo: |
O retorno ao trabalho dos trabalhadores de saúde após licença psiquiátrica é um evento perpassado por múltiplos afetos para os próprios trabalhadores, equipes e instituições. Essa tese visa analisar como se dá esse processo de retorno ao trabalho após licença médica por depressão, em uma unidade hospitalar pública. Foi analisada como esta instituição recebe os trabalhadores após a licença; as percepções das equipes e o imaginário organizacional em relação à licença e retorno; as vivências e o destino dado ao sofrimento pelos trabalhadores que retornam; os limites e possibilidades de construção de novos sentidos e vínculos com o trabalho pelos que retornam. Essa investigação se apoia teórica e metodologicamente na Psicossociologia francesa enquanto uma abordagem clínica de pesquisa e na Psicodinâmica do Trabalho. Foram empregadas entrevistas individuais remotamente, em virtude do cenário de pandemia de COVID-19, com roteiro semiestruturado, para os trabalhadores da assistência e gestão e do Núcleo de Saúde dos Trabalhadores, mas com os trabalhadores que voltaram ao trabalho foi empregada a “história de vida laboral”. A análise possibilitou compreender algumas fontes de sofrimento e adoecimento psíquico, bem como percepções diversas e por vezes ambivalentes das equipes sobre os trabalhadores que retornam de licença tais como desconfiança, ressentimento e empatia. Quanto à instituição, destacaram-se os modos de gestão pouco flexíveis; processo de adoecimento psíquico dos trabalhadores invisibilizado; inexistência de política institucional para retorno ao trabalho e prevenção de suicídio; insuficiência de espaços coletivos de compartilhamento e diálogo. Aqueles que retornam relataram sentimento de solidão e pouco acolhimento. Quando voltam ao trabalho sem restrições, as estratégias para não tornar adoecer são de cunho individual, como solicitação de realocação de posto de serviço, de redução de carga horária e até de readaptação. Observaramse marcadamente duas estratégias coletivas de defesa dos trabalhadores, o “pacto de silêncio” em torno do sofrimento daqueles que retornam e o “imaginário de virilidade” fazendo frente ao “imaginário de muralha”, de “fortaleza” institucional. É questionável se o trabalhador que retorna conseguirá elaborar o próprio processo de depressão ou se manterá paralisado sob risco de tornar a adoecer. É imprescindível que se construam coletivamente políticas institucionais focadas no retorno ao trabalho de trabalhadores após adoecimento psíquico e em prevenção de suicídio. A depender do modo como for conduzida pela instituição, a oportunidade de voltar ao trabalho após licença médica, pode representar para o sujeito uma aposta na retomada da sua carreira, na reconstrução de sentidos do trabalho e de sua identidade profissional. |