AIDS na Marinha: vivendo o fim de uma carreira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Esher, Angela Fernandes Soares do Couto
Orientador(a): Santos, Elizabeth Moreira dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4754
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo geral, compreender e discutir os efeitos do processo de afastamento e reforma pela infecção do HIV, nos militares da Marinha do Brasil. A manutenção da saúde dos militares aparece como preocupação permanente dentro das Forças Armadas, já que estes têm como função principal a defesa da nação em casos de instabilidade interna ou conservação da segurança externa, assim sendo, episódios de doenças são avaliados por normas rígidas que necessitam de constantes atualizações. O doente ou o portador de um atributo biológico negativo em relação à essa referência deve ser afastado do convívio coletivo. No caso específico da síndrome da imunodeficiência adquirida, torna-se difícil precisar a base do processo de estigmatização, pois ela se sustenta quase sempre, numa relação de ambigüidade entre o atributo biológico e o moral. A utilização das três dimensões (periculosidade, não-produtividade e culpabilidade) para caracterizar o estigma foi fundamental para localizar e discutir as questões importantes e polêmicas que perpassam por todo o processo de testagem, afastamento e reforma. A participação dos próprios militares afastados ou reformados como informantes foi fundamental para o aprofundamento desta discussão. Este trabalho revelou o quanto pode ser doloroso o fim de uma carreira pela presença de um vírus que pode levar muitos anos para modificar algo no estado de saúde de uma pessoa. A morte civil é anunciada a partir daí, ou seja, da proibição do exercício das atividades profissionais e da inviabilização do projeto de vida. Sob o argumento de preservação do vigor físico (e moral) da instituição, padrões rígidos são construídos com o objetivo de proteção da saúde de um determinado grupo, sem levar em conta o bem estar de todos os indivíduos. O estudo apontou, a partir das representações sociais dos militares infectados pelo HIV pertencentes à Marinha, a urgente necessidade de alteração das normas estabelecidas, num esforço para manter estas pessoas inseridas no sistema. Este trabalho se encerra na certeza de que o efetivo debate destas questões tem reflexo direto na garantia da cidadania das pessoas que vivem com HIV e aids.