Aids em Mato Grosso do Sul, 1985-2012: a história contada pela epidemiologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pinto, Clarice Souza
Orientador(a): Castro, Ana Rita Coimbra Motta de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Sex
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2904
Resumo: A infecção pelo HIV-1 continua sendo um importante problema de saúde pública cuja ocorrência, nas diferentes partes do mundo, se configura como epidemias regionais com características e determinantes próprios. O objetivo do presente estudo foi descrever os aspectos epidemiológicos, moleculares e clínicos da infecção pelo HIV-1 ao longo dos 28 anos de epidemia em Mato Grosso do Sul (MS). Estudos epidemiológicos descritivos, de série temporal, foram conduzidos utilizando dados secundários agrupados por períodos de acordo com o ano de diagnóstico de AIDS. Foram utilizados dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) que compreende todos os casos notificados de Aids em adultos, maiores de 13 anos, de 1985 a 2012, bem como dados secundários do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MS) do período de 2008 a 2012. No primeiro estudo, a análise dos coeficientes de incidência, mortalidade e letalidade específica, de acordo com o período de diagnóstico e o sexo dos pacientes, demonstrou que a epidemia da Aids ao longo dos 28 anos, é predominantemente masculina, com a ocorrência de feminização apenas nos primeiros 14 anos da epidemia. Foram observadas diferenças significativas na taxa de mortalidade específica de acordo com o sexo, mostrando diminuição da mesma entre os homens e estabilidade entre as mulheres, com razão de chance de sobrevida (OR) 1,3 vezes maior nas mulheres. Não foi encontrada diferença significativa entre sexo e a taxa de letalidade por Aids. No segundo estudo, a análise apontou aumento significativo na sobrevida no período período mais recente. A probabilidade de sobrevida, estimada em 10 anos após o diagnóstico, foi menor para pacientes do interior do Estado do que para os residentes da capital (20% vs. 35%; p<0,01). Observou-se também que ter tido diagnóstico no período de 2006 a 2012 (HR 0,62 CI 95%: 0,54-0,71: p<0,01) constituiu-se em fator protetor para o risco de óbito. Ter apresentado doença oportunista na ocasião da notificação (HR 2,48 CI 95%: 2,03-3,25: p˃0,01), residir no interior do estado (HR 1,41 CI 95%: 1,27-1,56: p˃0,01) ser do sexo masculino (HR 1,21 CI 95%%: 1,10-1,33: p˃0,01), ser heterossexual com relação sexual com parceiro de risco (HR 1,51 IC 95%: 1,26-1,80: p˃0,001) e uso de drogas injetáveis (HR 1,41 CI 95%: 1,16-1,72: p˃0,01) foram preditores associados ao maior risco de óbito. No terceiro estudo, observou-se a circulação dos subtipos B, C, F1 e G em MS, com predomínio do subtipo B do HIV-1 no período de 1985 a 1998 (85,4%) quanto no período de 1999 a 2012 (85,3%). Apesar do aumento da frequência do HIV-1 subtipo C em 73%, não foi encontrada diferença significativa entre os períodos estudados. A análise univariada demonstrou que ter idade entre 25 a 45 anos (p=0,004) e ser do sexo masculino (p=0,04) foi associado ao subtipo B do HIV-1. Achados relacionados à resistência do HIV-1aos antirretrovirais (ARV) demonstrou que 30,8% dos pacientes submetidos à genotipagem eram resistentes às três classes de ARV. Portanto, o conhecimento dos aspectos epidemiológicos da Aids em Mato Grosso do Sul são indicadores importantes para o delineamento das políticas públicas e estratégias de enfrentamento de uma epidemia ainda em ascenção no estado de Mato Grosso do Sul.