Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Barbosa, Emerson de Castro |
Orientador(a): |
Oliveira, Jaquelline Germano de,
Zani, Carlos Leomar |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48363
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Resumo: |
O Dengue virus (DENV), Zika virus (ZIKV) e o Chikungunya virus (CHIKV) são arbovírus amplamente distribuídos em países tropicais e subtropicais e são as principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. A febre hemorrágica causada pelo DENV, a microcefalia e anormalidades neurológicas em recém nascidos causadas pelo ZIKV e cronificação de artralgia grave causada pelo CHIKV, despertaram a urgência para a busca de vacinas e drogas antivirais efetivas para a prevenção e tratamento de infecções causadas por esses vírus. Visto que natureza fornece um vasto reservatório de entidades químicas complexas, neste trabalho foi feito o fracionamento biomonitorado de extratos brutos de vegetais e de fungos com atividade antiviral contra pelo menos um dos vírus aqui estudados para identificação e isolamento de substâncias antivirais. Para tal foram utilizadas técnicas como UPLC/HPLC acoplada à espectrometria de massas. Mais de 6.000 frações obtidas no fracionamento foram testadas contra DENV-2 e ZIKV. Paralelamente foram testados novos extratos brutos contra DENV-2, ZIKV e CHIKV, a saber: (i) 4.000 extratos testados contra DENV-2, dentre os quais identificamos 61 extratos vegetais e 129 extratos fúngicos ativos; (ii) 1.107 extratos testados contra ZIKV, identificando-se como ativos, 28 vegetais e 20 fúngicos; (iii) 565 contra o CHIKV, resultando em 20 extratos vegetais e 13 extratos fúngicos ativos. A atividade antiviral in vitro de extratos/frações foi feita pelo método do MTT, visualização do efeito citopático (ECP) viral por microscopia óptica e por ensaios virucidas. Onze extratos de fungos endofíticos foram ativos contra os 3 vírus. Oitenta e nove extratos fúngicos apresentaram valores de índice de seletividade (IS) de 1 a > 500, sendo que, dentre os 51 extratos testados, 49 apresentram atividade virucida contra o DENV-2. Onze extratos fúngicos demonstraram IS de > 1,0 a 4,0 contra o ZIKV. O fracionamento de 20 extratos fúngicos sugeriu a presença de 12 substâncias em frações ativas contra DENV-2. Uma substância clorada ativa contra DENV-2 e ZIKV (C19H17ClN2O7) está em processo de isolamento. Extratos vegetais obtidos de plantas de 39 famílias foram ativos contra DENV-2, sendo que extratos de espécies pertencentes às famílias Amaryllidaceae, Begoniaceae, Calophyllaceae, Fabaceae, Lythraceae, Malpighiaceae, Rubiaceae e Sapindaceae foram ativos contra DENV-2, ZIKV e CHIKV. Quarenta e cinco extratos vegetais demonstraram valores de IS de 1,1 a 61,8 contra DENV-2 e IS de > 1,0 a 5,2 contra ZIKV. Extratos obtidos de espécies de Amaryllidaceae, Fabaceae e Orchidaceae geraram extratos não virucidas contra DENV-2 e ZIKV. O fracionamento de 15 extratos de espécies de Amaryllidaceae, Fabaceae e Orchidaceae permitiu a identificação de 25 substâncias em frações ativas contra DENV-2 e/ou ZIKV. Entre elas, a licorina, pretazetina, narciclasina e a narciclasina-4-O-β-D-xilopiranosídeo, cuja identidade foi confirmada de forma inequívoca por ressonância magnética, mostraram atividade antiviral não virucida, com IS de 3,7 a 8,6 contra DENV-2 e ZIKV. Derivados mono- e di- acetilados de licorina, obtidos por síntese química, foram menos citotóxicos, porém inativos contra DENV-2, ZIKV e CHIKV. Quando combinadas em diversas concentrações, a licorina e a pretazetina não apresentaram potenciação da atividade antiviral. A predição in silico, pela plataforma pkCSM, dos perfis de farmacocinética e de toxicidade (ADMET) mostrou que a licorina, pretazetina, narciclasina e narciclasina-4-O-β-D-xilopiranosídeo têm boa metabolização e não possuem toxicidade mutagênica; A licorina e a pretazetina foram preditas com melhor absorção oral, distribuição e excreção, sugerindo que ambas podem ser candidatas para testes em modelo animal. Em suma, neste trabalho foram identificadas 37 substâncias derivadas de plantas e de fungos como possíveis antivirais. Vale ressaltar que nenhuma delas já foi descrita com atividade contra o ZIKV. |